O Tempo

Wednesday, October 05, 2005

Profissão de piloto é atrativa

Júnia Leticia

Voar sempre foi um desejo do homem. Mesmo antes de Santos Dumont, já se previa a necessidade de um transporte humano ágil, o que levaria ao desenvolvimento da aviação, tornando-a cada vez mais parte fundamental da vida das pessoas. Presente até os dias atuais, a vontade de conquistar o ar faz com que muitos optem por ser pilotos, profissão que exige raciocínio rápido e capacidade de tomar decisões.


Os pilotos se subdividem em três categorias, de acordo com a assessoria de imprensa do Departamento de Aviação Civil (DAC): piloto privado (PP), piloto comercial (PC) e piloto de linha aérea (PLA). Entre essas categorias há as especializações em piloto privado/vôo por instrumento (PP-IFR), piloto comercial/vôo por instrumento (PC/IFR), piloto agrícola (avião/helicóptero), piloto de linha aérea – avião (PLA/AV), piloto comercial – helicóptero (PC/H) e piloto de linha aérea – helicóptero (PLA/H). No Brasil, estão devidamente habilitados pelo DAC, entre PP, PC e PLA, cerca de 21,8 mil pilotos.

Antes de partir para a parte prática, o candidato a piloto passa por um curso de quatro meses de teoria, com matérias específicas tais como navegação aérea, regulamento de tráfego aéreo, teoria de vôo, meteorologia e conhecimentos técnicos de aeronaves, como informa o instrutor de vôo da Airtrade Escola de Pilotagem e Aviação Executiva, Reinaldo Gonçalves Santos. “Além disso, o aluno tem que fazer um exame específico que é o certificado de capacidade física (CCF), realizado somente no Hospital Militar de Lagoa Santa”, esclarece.

Após o período de curso, o aluno faz uma prova que é conferida pelo DAC quatro vezes por ano. Segundo a assessoria de imprensa do DAC, 10 mil pessoas fazem os exames todo ano. “São 20 questões de cada matéria estudada e o candidato a piloto tem de ter 75% de aprovação em cada matéria. Sendo aprovado, recebe o certificado de conhecimentos técnicos (CCT), que o habilita a se inscrever em uma escola que tem curso prático para aulas de vôo”, conta o instrutor de vôo da Airtrade.

Entre as disciplinas que o estudante tem de cursar para ser um piloto privado estão horas de navegação, horas de pouso e decolagem e horas de manobras. “São necessárias no mínimo 40 horas de vôo para aprovação. Após essa etapa, o aluno marca o exame prático na aeronave, que será realizado por um checador, que é um piloto militar”, diz Santos. Caso seja aprovado, ele recebe o certificado de habilitação técnica (CHT) que o habilita a fazer vôos particulares, sem nenhum tipo de vínculo empregatício.

Para ser um piloto profissional, é necessário que se faça outro curso complementar. “Nele será aprofundada a parte teórica e o aluno terá de voar mais 150 horas”, acrescenta o instrutor de vôo. As aeronaves utilizadas para os exercícios práticos geralmente são o Cesna 150 e 172, Bech Bonanza, Paulistinha Aerobuero, Tupi e Skyline.

Entre os pré-requisitos para se fazer o curso de piloto estão idade acima de 17 anos, ensino médio completo e habilidade plena, ou seja, condições físicas que possibilitem o exercício da função. “Apesar de poder fazer o curso com 17 anos, o piloto só pode voar sozinho, de acordo com a lei, após os 18”, esclarece o diretor da Escola Superior de Aeronáutica (Esaer), comandante Luiz Moterane.

Estudante pode optar por cursos técnico ou de graduação

A relação custo-benefício para a formação de piloto, comparando-se com as demais profissões, foi apontada pelo diretor da Escola Superior de Aeronáutica (Esaer), comandante Luiz Moterane, como um fator a ser levado em conta na hora de se optar pelo curso. “Toda a formação fica em torno de R$ 18 mil. Chegando-se a comandante, posição que pode ser conquistada em dois anos, caso haja vaga e o piloto tenha um número de horas de vôo considerado satisfatório pela empresa aérea, a remuneração é de R$ 8 mil”, informa o comandante.

Uma curiosidade apontada pelo comandante é que se um jovem de 17 anos fizer o curso de aviador fica dispensado do serviço militar. “Além disso, o Governo tem um grande interesse de que as pessoas se formem na aviação civil para que em tempos de guerra só precisem ser adaptadas à aviação militar. No caso de convocação, esse piloto ter o privilégio de ser convocado como oficial aviador, caso haja demanda”, informa o comandante Moterane.

Outro aspecto interessante observado pelo diretor da Esaer refere-se à seleção de mulheres por parte das empresas aéreas. “As companhias estão dando preferência à contratação de pessoas do sexo feminino devido ao fascínio que elas exercem na aviação”, ressalta.

Quem quiser optar por uma graduação para se tornar piloto deve fazer o curso de ciências aeronáuticas. Segundo a assessoria de imprensa DAC, a diferença entre a graduação e o curso de pilotagem é que na primeira todas as etapas do processo de formação são cumpridas – piloto privado, piloto comercial e piloto de linha aérea – e a marcação de todos os exames e dos aeroclubes a serem utilizados pelos estudantes ficam a cargo da instituição de ensino superior.

O curso de ciências aeronáuticas da Universidade Fumec, que possui a duração de sete semestres, capacita profissionais para a atuação como pilotos, administradores, chefes de operações, coordenadores de vôo ou professores. “Entre as disciplinas ministradas no curso estão motores, navegação aérea, segurança de vôo, administração de empresas aéreas, meteorologia, teoria de vôo e física”, enumera o coordenador do curso, Eduardo Georges Mesquita. A parte prática da graduação é realizada no Aeroclube de Pará de Minas.

No País há cerca de 300 escolas autorizadas pelo DAC para ministrar o curso de piloto. Para obter a listagem de quais são elas, além de informações sobre a carreira de piloto, é só acessar www.dac.gov.br.

Concorrência faz mercado de trabalho disputado

Com relação ao mercado de trabalho, assim como ocorre em todas as profissões, na aviação civil a carreira também é muito concorrida. De acordo o DAC, há muita demanda por profissionais, mas também há muitas pessoas se formando. Mesmo assim o mercado está em expansão devido às novas empresas aéreas que estão surgindo.

Para o coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Fumec, Eduardo Georges Mesquita, o aluno que tiver uma formação diferenciada sempre vai encontrar um mercado aberto. “O domínio do inglês e de um outro idioma estrangeiro, por exemplo, são diferenciais de muita importância.”

Aluno do 5o período de ciências aeronáuticas na Fumec, Daniel Villela optou por fazer a graduação por acreditar que futuramente o mercado vai exigir pessoal mais qualificado para ocupar as áreas da aviação. “Ser piloto é um sonho que tenho desde criança. Mesmo sabendo da concorrência no mercado de trabalho, vou concluir o curso porque é essa a profissão que quero seguir”, ressalta.

Também aluno do 5o período da Fumec, Sávio Aleme cresceu gostando da aviação e com o passar do tempo a vontade de se tornar piloto só aumentou. “Já sou piloto privado, mas quero ser comercial. Acredito que para os bons profissionais, dependendo da situação econômica do país, sempre há vagas.”

Paraquedista, Theris Rawlison viu no curso de piloto a oportunidade de ter um novo hobby. “Já faço demonstrações com pára-quedas e com o curso de piloto privado vi um caminho mais rápido para me envolver ainda mais na aviação. Mas mesmo assim pretendo concluir o curso de piloto comercial.”

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