O Tempo

Thursday, October 13, 2005

Tecnologia chega aos cartórios

Autenticação de documentos, fornecimento de certidões e reconhecimento de firmas podem ser feitos eletronicamente

Júnia Leticia

Belo Horizonte tornou-se a primeira cidade do País a realiza uma escritura de imóvel eletrônica. Assinada no dia 12 de agosto passado e entregue no dia 27, a escritura não foi a primeira operação eletrônica envolvendo serviços de cartórios. Autenticação de documentos, fornecimento de certidões e reconhecimento de assinaturas eletronicamente já vêm sendo feitas na capital mineira desde 2000, como informa o vice-presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), Maurício Leonardo. “Agora o serviço chega ao mercado imobiliário, agilizando e desburocratizando a compra e a venda de imóveis”, salienta.

Para se redigir uma escritura eletronicamente, o primeiro passo é obter a certificação da Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) que estabelece padrões de certificação digital para todos os órgãos da esfera federal. “Em suma, é a tecnologia que permite à pessoa assinar por meio da Internet. Uma vez feito isso, o vendedor – construtora ou pessoa física – e o banco, tendo o sistema de Infra-estrutura de Chaves Públicas, podem assinar o documento e enviá-lo para o cartório e posteriormente para o comprador assinar fisicamente”, explica Leonardo. Segundo o vice-presidente da Anoreg-BR, o sistema também pode ser utilizado por pessoas físicas, só que devido a seu custo – cerca de R$ 500 –, é mais empregado por pessoas jurídicas.

Dentre algumas das vantagens do processo de escrituração eletrônica estão a economia de tempo e dinheiro. De acordo com Leonardo, todo o processo em papel, feito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), possui 16 páginas, que devem ser impressas em três vias. Ou seja, 48 páginas eram redigidas para o comprador e o vendedor assinarem. “Posteriormente esses documentos eram enviados por malote a fim de serem assinados também no banco. Só depois é que eram mandados para o cartório de registro de imóveis, juntamente com os demais documentos necessários para a transação”, conta.

Para o vendedor a escrituração eletrônica é um grande ganho, pois representa desburocratização, já que ele recebe o dinheiro da transação somente depois de assinado o contrato. “Antes esse processo levava de 45 a 60 dias. Utilizando-se a tecnologia, a escritura é feita e registrada em 15 dias”, enfatiza o vice-presidente da Anoreg-BR. Além disso, Leonardo completa que há ganhos em termos de segurança – assegurada pelo sistema ICP-Brasil – e diminuição de manuseio do volume de papéis.

Apesar de muito empregada nas transações imobiliárias, a tecnologia pode ser aplicada em qualquer tipo de aquisição que envolva financiamento, como de automóveis, por exemplo, informa o vice-presidente da Anoreg-BR. “A escrituração eletrônica pode ser utilizada por qualquer pessoa, desde que ela vá fazer um financiamento”, diz.

Atualmente só o Bradesco está operando com esse novo sistema. “Os demais bancos que estão associados à Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) oferecerão o serviço dentro de aproximadamente 45 dias”, informa Leonardo. Os cartórios que realizam a escrituração eletrônica em Belo Horizonte são o 3º Ofício de Notas – Cartório Trignelli (Av. Augusto de Lima, 385, Centro) e o 8º Oficio de Notas – Cartório Felício dos Santos (Rua São Paulo, 684/lj. 07/09, Centro).

O 8º Ofício de Notas de Belo Horizonte foi pioneiro no Brasil em aliar as soluções técnicas e jurídicas de certificação digital, amparada pela ICP-Brasil na forma da Lei 8.935/94 – que regula as atividades dos notários e registradores – e da MP 2.200-2 – que institui a Intra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) – às aplica aplicações comerciais de reconhecimento de assinatura e autenticação de documentos eletrônicos com fé pública.

Wednesday, October 05, 2005

Profissão de piloto é atrativa

Júnia Leticia

Voar sempre foi um desejo do homem. Mesmo antes de Santos Dumont, já se previa a necessidade de um transporte humano ágil, o que levaria ao desenvolvimento da aviação, tornando-a cada vez mais parte fundamental da vida das pessoas. Presente até os dias atuais, a vontade de conquistar o ar faz com que muitos optem por ser pilotos, profissão que exige raciocínio rápido e capacidade de tomar decisões.


Os pilotos se subdividem em três categorias, de acordo com a assessoria de imprensa do Departamento de Aviação Civil (DAC): piloto privado (PP), piloto comercial (PC) e piloto de linha aérea (PLA). Entre essas categorias há as especializações em piloto privado/vôo por instrumento (PP-IFR), piloto comercial/vôo por instrumento (PC/IFR), piloto agrícola (avião/helicóptero), piloto de linha aérea – avião (PLA/AV), piloto comercial – helicóptero (PC/H) e piloto de linha aérea – helicóptero (PLA/H). No Brasil, estão devidamente habilitados pelo DAC, entre PP, PC e PLA, cerca de 21,8 mil pilotos.

Antes de partir para a parte prática, o candidato a piloto passa por um curso de quatro meses de teoria, com matérias específicas tais como navegação aérea, regulamento de tráfego aéreo, teoria de vôo, meteorologia e conhecimentos técnicos de aeronaves, como informa o instrutor de vôo da Airtrade Escola de Pilotagem e Aviação Executiva, Reinaldo Gonçalves Santos. “Além disso, o aluno tem que fazer um exame específico que é o certificado de capacidade física (CCF), realizado somente no Hospital Militar de Lagoa Santa”, esclarece.

Após o período de curso, o aluno faz uma prova que é conferida pelo DAC quatro vezes por ano. Segundo a assessoria de imprensa do DAC, 10 mil pessoas fazem os exames todo ano. “São 20 questões de cada matéria estudada e o candidato a piloto tem de ter 75% de aprovação em cada matéria. Sendo aprovado, recebe o certificado de conhecimentos técnicos (CCT), que o habilita a se inscrever em uma escola que tem curso prático para aulas de vôo”, conta o instrutor de vôo da Airtrade.

Entre as disciplinas que o estudante tem de cursar para ser um piloto privado estão horas de navegação, horas de pouso e decolagem e horas de manobras. “São necessárias no mínimo 40 horas de vôo para aprovação. Após essa etapa, o aluno marca o exame prático na aeronave, que será realizado por um checador, que é um piloto militar”, diz Santos. Caso seja aprovado, ele recebe o certificado de habilitação técnica (CHT) que o habilita a fazer vôos particulares, sem nenhum tipo de vínculo empregatício.

Para ser um piloto profissional, é necessário que se faça outro curso complementar. “Nele será aprofundada a parte teórica e o aluno terá de voar mais 150 horas”, acrescenta o instrutor de vôo. As aeronaves utilizadas para os exercícios práticos geralmente são o Cesna 150 e 172, Bech Bonanza, Paulistinha Aerobuero, Tupi e Skyline.

Entre os pré-requisitos para se fazer o curso de piloto estão idade acima de 17 anos, ensino médio completo e habilidade plena, ou seja, condições físicas que possibilitem o exercício da função. “Apesar de poder fazer o curso com 17 anos, o piloto só pode voar sozinho, de acordo com a lei, após os 18”, esclarece o diretor da Escola Superior de Aeronáutica (Esaer), comandante Luiz Moterane.

Estudante pode optar por cursos técnico ou de graduação

A relação custo-benefício para a formação de piloto, comparando-se com as demais profissões, foi apontada pelo diretor da Escola Superior de Aeronáutica (Esaer), comandante Luiz Moterane, como um fator a ser levado em conta na hora de se optar pelo curso. “Toda a formação fica em torno de R$ 18 mil. Chegando-se a comandante, posição que pode ser conquistada em dois anos, caso haja vaga e o piloto tenha um número de horas de vôo considerado satisfatório pela empresa aérea, a remuneração é de R$ 8 mil”, informa o comandante.

Uma curiosidade apontada pelo comandante é que se um jovem de 17 anos fizer o curso de aviador fica dispensado do serviço militar. “Além disso, o Governo tem um grande interesse de que as pessoas se formem na aviação civil para que em tempos de guerra só precisem ser adaptadas à aviação militar. No caso de convocação, esse piloto ter o privilégio de ser convocado como oficial aviador, caso haja demanda”, informa o comandante Moterane.

Outro aspecto interessante observado pelo diretor da Esaer refere-se à seleção de mulheres por parte das empresas aéreas. “As companhias estão dando preferência à contratação de pessoas do sexo feminino devido ao fascínio que elas exercem na aviação”, ressalta.

Quem quiser optar por uma graduação para se tornar piloto deve fazer o curso de ciências aeronáuticas. Segundo a assessoria de imprensa DAC, a diferença entre a graduação e o curso de pilotagem é que na primeira todas as etapas do processo de formação são cumpridas – piloto privado, piloto comercial e piloto de linha aérea – e a marcação de todos os exames e dos aeroclubes a serem utilizados pelos estudantes ficam a cargo da instituição de ensino superior.

O curso de ciências aeronáuticas da Universidade Fumec, que possui a duração de sete semestres, capacita profissionais para a atuação como pilotos, administradores, chefes de operações, coordenadores de vôo ou professores. “Entre as disciplinas ministradas no curso estão motores, navegação aérea, segurança de vôo, administração de empresas aéreas, meteorologia, teoria de vôo e física”, enumera o coordenador do curso, Eduardo Georges Mesquita. A parte prática da graduação é realizada no Aeroclube de Pará de Minas.

No País há cerca de 300 escolas autorizadas pelo DAC para ministrar o curso de piloto. Para obter a listagem de quais são elas, além de informações sobre a carreira de piloto, é só acessar www.dac.gov.br.

Concorrência faz mercado de trabalho disputado

Com relação ao mercado de trabalho, assim como ocorre em todas as profissões, na aviação civil a carreira também é muito concorrida. De acordo o DAC, há muita demanda por profissionais, mas também há muitas pessoas se formando. Mesmo assim o mercado está em expansão devido às novas empresas aéreas que estão surgindo.

Para o coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Fumec, Eduardo Georges Mesquita, o aluno que tiver uma formação diferenciada sempre vai encontrar um mercado aberto. “O domínio do inglês e de um outro idioma estrangeiro, por exemplo, são diferenciais de muita importância.”

Aluno do 5o período de ciências aeronáuticas na Fumec, Daniel Villela optou por fazer a graduação por acreditar que futuramente o mercado vai exigir pessoal mais qualificado para ocupar as áreas da aviação. “Ser piloto é um sonho que tenho desde criança. Mesmo sabendo da concorrência no mercado de trabalho, vou concluir o curso porque é essa a profissão que quero seguir”, ressalta.

Também aluno do 5o período da Fumec, Sávio Aleme cresceu gostando da aviação e com o passar do tempo a vontade de se tornar piloto só aumentou. “Já sou piloto privado, mas quero ser comercial. Acredito que para os bons profissionais, dependendo da situação econômica do país, sempre há vagas.”

Paraquedista, Theris Rawlison viu no curso de piloto a oportunidade de ter um novo hobby. “Já faço demonstrações com pára-quedas e com o curso de piloto privado vi um caminho mais rápido para me envolver ainda mais na aviação. Mas mesmo assim pretendo concluir o curso de piloto comercial.”

Cuidados com a saúde aumenta mercado de trabalho para nutricionista

Júnia Leticia

Com o aumento da expectativa de vida e a preocupação com a saúde, a nutrição, ciência que estuda a modificação dos alimentos dentro do organismo, suas funções e relações com a saúde e as doenças, vem sendo um campo que cresce a cada dia mais. É o nutricionista quem trata e orienta por meio de dieta individualizada, considerando fatores como idade, sexo, atividade física, hábitos alimentares e condições socioeconômicas.

“Com o envelhecimento da população brasileira, as pessoas estão buscando se cuidar mais. Todo mundo está querendo envelhecer com saúde”, observa a coordenadora do curso de nutrição do Centro Universitário Newton Paiva, Carla de Oliveira Barbosa Rosa. Esse fato faz com que não só a área clínica da profissão fique em evidência. “As pessoas também estão procurando fazer mais exercícios físicos e para isso é necessário aliar uma alimentação adequada”, conta Carla Rosa.

De acordo com a vice-presidente do Conselho Regional de Nutricionistas – 4a Região (CRN-4), Fabiana Bom Kraemer, a principal área que agrega o profissional é a da alimentação coletiva – restaurantes industriais localizados dentro das empresas ou comerciais e hotelaria. “Partindo de informações sobre os hábitos alimentares dos usuários, o nutricionista pode planejar um cardápio que, além de nutricionalmente adequado, seja ainda mais atraente para a clientela.”

Contando com quadro técnico condizente, o serviço de nutrição pode também desenvolver atividades como orientação e avaliação nutricional e campanhas de educação alimentar, além de pesquisas que lhe permitam atuar em prol da saúde dos clientes. “Mas o mercado é bem amplo, principalmente com o crescimento acerca do controle de qualidade. Hoje vemos consultores, prestadores de serviços em indústrias de alimentos e restaurantes, que desenvolvem novos produtos e pratos”, exemplifica a vice-presidente do CRN-4.

Entre as áreas em expansão, a coordenadora do curso de nutrição do UNI-BH, Marlene Monteiro destaca as de marketing e home care. “Na primeira fica a cargo do nutricionista desenvolver produtos – especiais para dietas por sonda, por exemplo – e apresentá-los em hospitais. Já o home care é um atendimento domiciliar.”

No atendimento domiciliar o nutricionista é um personal diet, já que faz um acompanhamento individualizado dos moradores da residência. “Fica sob a responsabilidade do profissional elaborar cardápios, fazer a lista de compras e treinar funcionários para preparar receitas de modo a que os alimentos não percam seus valores nutricionais”, explica a coordenadora do curso de nutrição da Newton Paiva, Carla Rosa.

Quanto à formação, o curso de nutricionista ainda é muito voltado para a área clínica, o que está sendo revisto em função das diretrizes curriculares estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC), que direciona o curso para uma formação generalista. “Aí serão considerados a antropologia em alimentação e o homem como ser social na relação saúde-doença”, esclarece a vice-presidente do CRN-4.

Durante a graduação são ensinados conceitos básicos de ciências biológicas, aliados a conhecimentos mais específicos como avaliação nutricional e cálculo de dietas. “É uma ciência na qual o aluno vai aprender a fazer a relação estudo-alimento e estudo-homem. Ele sai capacitado para atuar buscando a melhoria da qualidade de vida”, conta a coordenadora do curso de nutrição do UNI-BH, Marlene Monteiro.

A possibilidade de se poder prevenir doenças e prolongar a vida utilizando os alimentos fez com que a estudante do 3o período de nutrição da Newton Paiva, Maíra Milo Bizzotto, optasse pelo curso. “O campo de atuação para o nutricionista é muito abrangente. Uma das áreas que me interessa na profissão é a materno infantil, pois acredito que é essencial que a pessoa desenvolva hábitos alimentares saudáveis desde criança.”

A vontade de trabalhar na área de saúde levou Ana Paula Campos a escolher a profissão. Nutricionista há dois anos, ela atua na área clínica. “A adoção de uma alimentação saudável faz muita diferença na vida das pessoas. Essa certeza me levou a ser nutricionista”, ressalta.

Mercado abrangente garante trabalho para médicos

Júnia Leticia

Profissional que cuida da saúde humana, costuma-se dizer que para o médico jamais falta trabalho. Seja em consultório próprio, hospitais públicos ou privados, clínicas, postos de saúde ou ambulatórios, esse profissional é indispensável para a prevenção e cura de enfermidades.

Segundo o primeiro-secretário do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), Jader Campomizzi, o mercado de trabalho para o profissional da medicina é abrangente. “A medicina da família e as unidades de pronto atendimento são responsáveis por absorver grande parte dos médicos. As operadoras de plano de saúde também credenciam boa parte dos profissionais, mas nesse caso é necessário possuir alguma especialidade”, esclarece Campomizzi.

Apesar de não faltar trabalho, os médicos sofrem com a baixa remuneração. “Há muito subemprego e as condições de trabalho freqüentemente são inadequadas. A maioria dos profissionais hoje têm de se desdobrar para exercer sua função em três lugares diferentes, como ambulatórios, consultórios e hospitais”, ilustra o primeiro-secretário do CRM-MG. Quanto à remuneração, ele conta que por 60 horas semanais, os médicos recebem em média R$ 1.500.

Com o aumento da expectativa de vida, a geriatria, especialidade que lida com a saúde dos idosos, é uma das áreas mais promissoras da medicina. “No serviço público o médico generalista, que possui uma formação abrangente, continua em franca expansão, principalmente por causa de programas de saúde da família”, exemplifica Campomizzi. Profissionais que trabalham com novas tecnologias e administradores hospitalares também são bastante requisitados.

Diferentemente da visão do passado, hoje não se enriquece mais com a medicina, como ressalta o primeiro-secretário do CRM-MG. Por isso, para aqueles que querem exercer a profissão é necessário antes de tudo gostar do ser humano. “A pessoa tem de ter amor pela humanidade. Além disso, tem que gostar de estudar, pois sua formação requer um aprendizado contínuo.”

A boa formação profissional é outro requisito essencial para quem quer ser um médico. Mas conforme Campomizzi, com a abertura de novos cursos de medicina por todo o País, há uma preocupação muito grande com relação à qualidade de ensino. “Em cinco anos o número de faculdades de medicina subiu de dez para 18 só em Minas Gerais. No Brasil eram cerca de 100, hoje já são mais de 130.”

Atualmente o número de profissionais que se formam é suficiente para suprir as necessidades do mercado de trabalho. “Por ano se graduam cerca de 1300 médicos no Estado e 10 mil no País. Mas quando a primeira turma dessas novas instituições de ensino terminarem o curso, tememos que o mercado fique saturado”, observa o primeiro-secretário do CRM-MG.

Durante os seis anos da graduação, a formação do estudante é direcionada para que ele, quando se graduar, possua habilidades e capacidade para atender e resolver a maioria dos problemas de saúde da população. “Por isso ele se forma com conhecimento em quatro grandes áreas: clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia e princípios cirurgia”, esclarece o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geraldo Brasileiro Filho.

De acordo com o diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, após a graduação boa dos médicos cursa algum tempo de residência para fazer uma especialização. “O período para se tornar um especialista varia de dois a quatro anos, dependendo da área escolhida. Entre as formais há mais 50 áreas reconhecidas para a atuação do médico”, conta Brasileiro.

Além de uma boa formação básica e potencial para continuar estudando, o diretor da Faculdade de Medicina da UFMG diz que é necessário que o estudante tenha disponibilidade para trabalhar. “A carga de trabalho é muito grande, em diferentes locais, ambientes e horários. Por isso é imprescindível que o médico compreenda e ouça as pessoas e também possua equilíbrio emocional.”

A possibilidade de poder contribuir para o bem-estar das pessoas foi o que motivou o universitário do 9o período de medicina da UFMG, Fernando Henrique Silva, a fazer o curso. Membro do Diretório Acadêmico (DA) da Universidade, Silva ainda faz parte do Núcleo do Pensamento Inquieto, ligado ao DA. “Nele organizamos eventos que abordam temas gerais da medicina. Essas discussões são importantes porque envolvem a qualidade dos serviços prestados pelo médico, questões relativas à ética profissional e à formação”, conta o universitário.

Projetos humanizam profissão


A fim de formar profissionais mais humanos, foram criados projetos, não só do Brasil, como em outros países, que amenizam o sofrimento daqueles que requerem cuidados médicos intensivos. O Abraçarte e o Cativar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) são dois exemplos deles.

Criados em 2001, o Abraçarte e o Cativar surgiram da iniciativa de um grupo de alunos preocupados com o bem-estar do paciente, como conta a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenadora dos dois projetos, Rosa Maria Quadros Nehmy. “Trabalhamos com a relação médico-paciente, que costuma ser fria, limitando-se apenas à ministração de remédios. Percebemos que esse quadro devia ser mudado.”

Pelo Cativar são atendidos pacientes adultos fora de possibilidade de cura. Já o Abraçarte, voltado para crianças, realiza atividades lúdicas. “Em parceria com a Faculdade de Belas Artes da UFMG, os universitários de medicina recebem treinamento para fazer esquetes no hospital”, diz Rosa Nehmy. Ambos os projetos são realizados no Hospital das Clínicas.

Segundo a professora, os trabalhos proporcionam a formação de médicos muito mais sensíveis. “Os profissionais da medicina mudaram. Hoje eles têm a capacidade de escutar os pacientes.”

Estudante do 8o período de medicina na UFMG e participante do Abraçarte desde sua fundação, Flávia Alves diz que os projetos proporcionam uma nova visão acerca da medicina. “Os estudantes passam a enxergar as pessoas como seres humanos e não apenas como doentes.”

Diversidade favorece mercado contadores

Júnia Leticia

Gerenciar receitas, despesas e lucros das empresas por meio do registro e do controle de suas contas. Essa é uma das funções do contador, profissão que, de acordo com o presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRC-MG), Nourival de Souza Resende Filho, possui um mercado promissor. “Dificilmente há um profissional devidamente qualificado necessitando de recolocação”, afirma.

O coordenador do curso de ciências contábeis do campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Silvério Antônio do Nascimento, diz que o mercado de trabalho para o contador está em expansão. “Na questão salarial também há uma melhora. O motivo é a verificação dentro das empresas da necessidade de um contador com uma visão mais gerencial”.

Entre as áreas promissoras da contabilidade estão as de auditoria, perícia contábil e contabilidade pública. “O setor público, além de grupos empresariais, têm uma demanda muito grande por profissionais. Também há campo para aqueles que querem seguir carreira como autônomos, em escritório próprio”, enumera Resende Filho.

O leque de atuação para o contador faz com que ele encontre um amplo mercado de trabalho. “Ele pode trabalhar como consultor, auditor independente, prestar serviços na área pública por meio de concursos, trabalhar como pesquisador e professor. É um profissional que também atua muito nas áreas financeiras, de custos, consultoria de investimentos e projetos de implantação de novos negócios”, esclarece o coordenador do curso de ciências contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adalberto Gonçalves Pereira.

Durante o curso, além das matérias técnicas da área contábil, como contabilidade comercial e bancária, controladoria, há contabilidade ambiental e balanço social. “A primeira trata da contabilização de ativos e passivos ambientais, usando toda uma metodologia específica para o assunto. Já o balanço social contabiliza como as empresas estão contribuindo com comunidade por meio de ações sociais”, esclarece Nascimento.

Para se exercer a profissão de contador, o profissional deve ser aprovado no exame de suficiência. “O bacharel em ciências contábeis que passa no teste está devidamente credenciado para enfrentar o que o mercado exige”, assegura o presidente do CRC-MG.

Como pré-requisitos pessoais, o presidente do CRC-MG destaca a busca constante pela atualização das leis e de novas tecnologias voltadas para a área. “Aquele que está em constante em um processo de aprendizagem não fica fora do mercado.”

Segundo o coordenador do curso de ciências contábeis da PUC-Minas, o contador também tem que pensar estrategicamente a empresa. “Por isso na graduação há disciplinas de economia, direito, administração e estatística. Isso capacita o profissional a organizar e planejar suas ações dentro da instituição.”

Qualidade de ensino preocupa profissionais

Assim como as demais graduações, o surgimento de cursos de ciências contábeis teve um aumento significativo, como informa o coordenador do curso de ciências contábeis da UFMG, Adalberto Gonçalves Pereira. “Entretanto, não houve um crescimento qualitativo do ponto de vista educacional. Hoje há cursos com pouco comprometimento com relação ao ensino”, adverte Pereira.

Uma forma de se destacar no mercado de trabalho é buscar obter experiência ainda na faculdade. “Nós temos disciplinas que são praticadas em laboratórios. Neles são vivenciadas situações que chamamos de empresa simulada. É a teoria posta em prática”, conta o coordenador de ciências contábeis da PUC-Minas, Silvério Antônio do Nascimento.

Tutor da Empresa Júnior do curso de ciências contábeis do campus Coração Eucarístico, Rafael Ornelas Machado diz que na empresa ocorre a aplicação prática do que é aprendido em sala de aula. “Ela atende a outras empresas juniores e ao diretório acadêmico (D.A.).”

Estudante do 9o período da UFMG, Kênia Fabiana Costa Mendonça optou pelo curso porque, além de gostar de contabilidade, acredita que o mercado de trabalho é promissor. “Já trabalhei na área e agora sou pesquisadora do Núcleo de Estudos de Controladoria (Nescon) da UFMG”, conta. No Nescon é estudado como a contabilidade é aplicada nas empresas, gastos e ganhos com meio ambiente, como a preocupação social das empresas reflete no balaço, entre outros.

Recém-formando em ciências contábeis pela PUC-Minas, o assistente contábil Elineuzer Santiago optou pela graduação por ter formação técnica em contabilidade e já atuar na área. “Além da minha aptidão para ciências contábeis, busquei projeção profissional”, diz.Santiago observa que a demanda por profissionais de contabilidade, sobretudo na área de auditoria, vem crescendo muito. “Um bom percentual dos que se formam também almejam uma vaga em concursos públicos.”

Avanços tecnológicos fazem do engenhario um profissional indispensável

Júnia Leticia

Um dos cursos mais concorridos nos vestibulares que acontecem pelo País, a graduação em Engenharia, passa por um momento de grandes perspectivas de crescimento. Devido aos avanços tecnológicos, a graduação se fragmentou e estima-se que haja pelo menos 30 tipos diferentes de especialidades no Brasil.

A principal atividade do engenheiro, independente de sua área, é criar novas alternativas de desenvolvimento. “Ele lida com tecnologia e técnicas para produção de algo no plano concreto. Criar é o elemento básico da Engenharia”, esclarece o diretor adjunto acadêmico do Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IPUC), Otávio de Avelar Esteves.

Todas as engenharias, que possuem duração média de cinco anos, exigem uma sólida formação em ciências exatas (matemática, física e química). A partir dessa base é que o profissional tem como transformar recursos naturais em bens e serviços. “Depois é que há as especificidades”, conta o diretor geral da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Fumec, Paulo Roberto Henrique.

Os indícios de reaquecimento da economia brasileira fazem com que o diretor adjunto acadêmico do IPUC acredite que o mercado de trabalho se torne ainda mais promissor. “Por criar soluções tecnológicas para a sociedade, a Engenharia é indispensável para o progresso econômico do País”, ressalta Esteves.

Apesar de hoje o mercado real ser de baixa e recessivo, como sinaliza o diretor geral da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Fumec, há perspectivas de melhoria nos diversos setores que envolvem a área. “Se formos analisar no plano real, o mercado de trabalho teria de ser fantástico, porque não há desenvolvimento sem a Engenharia. Mas infelizmente não existe a vontade política de investir no social. Saneamento básico, habitação e hospitais, tudo isso só é possível utilizando os recursos da Engenharia”, afirma.

A necessidade de modernização no Brasil faz com que todas as áreas da Engenharia sejam promissoras. “Com isso há mercado para a Engenharia de Controle e Automação, Mecatrônica, Eletrônica e de Telecomunicação, enfim, tem espaço para todas. Há uma perspectiva muito grande de crescimento de demanda por engenheiros em um período de três a dez anos”, diz o diretor adjunto acadêmico do IPUC.

Recentemente, para acompanhar as mudanças no mundo e no Brasil, o Conselho Nacional de Educação editou a Resolução 11, de 11 de março de 2002, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais do curso de Engenharia. “O art 3o, por exemplo, diz que o engenheiro precisa ter uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Isso é absolutamente diferente do que as pessoas geralmente entendem da profissão”, ressalta Esteves.

O diretor adjunto acadêmico do IPUC acrescenta que o perfil do novo engenheiro que a sociedade demanda é mais eclético. “Com isso, a Engenharia vai ser outra, mais dinâmica e atuante. Essa concepção está relacionada à mudança de paradigma da ciência vigente no mundo hoje, que está baseada na fragmentação”. De acordo com Esteves, essa fragmentação levou à especialização em que a pessoa trata cada vez mais com menos. “É o contexto do pequeno no grande, no qual há uma tendência do trabalho mais sistêmico, com abordagens mais integradas, também no que se refere ao aspecto humano.”

Por não ser um curso barato em termos de instalação, a Engenharia não sofre com a queda da qualidade do ensino motivada pela proliferação de instituições de ensino no Brasil, como aponta o diretor adjunto acadêmico do IPUC. “O curso prescinde de laboratórios, de uma infra-estrutura mais sofisticada e complexa de ser criada.”

Para o diretor geral da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Fumec, a Engenharia é talvez a atividade profissional que menos tem crescido em termos de instalação de novos cursos. “Primeiro porque são cursos de investimento significativo. Segundo porque o mercado estava recessivo e como o jovem é imediatista, não consegue vislumbrar que uma área que hoje está em baixa, pode ser promissora, considerando o término dos cinco anos da graduação.”

No 7º período de Engenharia de Telecomunicações da Fumec, Pedro Henrique Chaves optou pela graduação porque no momento em que prestou vestibular o mercado era promissor. “O cenário era muito bom, principalmente devido às privatizações, e continua assim devido à convergência de redes, como o que já ocorre com o acesso da Internet pelo celular.”

O universitário do 8º período de Engenharia de Controle e Automação da PUC-Minas, César Augusto Sousa Ribeiro, interessou-se pela área devido ao crescimento do mercado. “Ultimamente tudo está sendo operado por máquinas, e com isso crescem as ofertas de trabalho”, reforça.

Já para o estudante do 4o período de Engenharia Eletrônica e Telecomunicação, Ivan Resende Leitão, o fato de ser totalmente inovadora faz com que a especialidade esteja em ascensão. “É uma área que está em constante atualização e de importância geral para todos.”

Nova áreas carecem de profissionais

Ainda pouco conhecida, a Engenharia de Alimentos é um campo em expansão. Capaz de englobar todos os elementos relacionados à industrialização de alimentos, é essa especificidade da Engenharia que cuida de todas as etapas de preparo e conservação de alimentos de origem animal e vegetal, desde a seleção da matéria-prima até o controle da qualidade final.

Um dos fatores que impulsionam a área é o crescimento do setor de agronegócios. “E para que a agroindústria se desenvolva é necessário o trabalho do engenheiro de alimentos. Além de garantir qualidade na armazenagem, acondicionamento e preservação dos produtos, o profissional consegue reduzir custos”, conta a coordenadora do curso no Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Márcia Edilamar Pulzatto.

O engenheiro de alimentos pode atuar em indústrias de produtos alimentícios e de insumos para processos e produtos (matérias-primas, equipamentos, embalagens e aditivos), além de órgãos e instituições públicas. “Na indústria, o profissional pode atuar na produção, selecionando equipamentos, coordenando análises laboratoriais e estudando processos de conservação e de embalagem, bem como na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos”, esclarece a coordenadora.

Em laboratórios, o profissional cria novas receitas para determinar o valor nutricional dos alimentos. “Características sensoriais como sabor, cor e consistência dos alimentos e os tipos de conservante que serão aplicados são outros aspectos determinados pelo engenheiro de alimentos”, diz Márcia Pulzatto.

As perspectivas de ascensão profissional fizeram com que o técnico químico Marcelo Rodrigo Sampaio Jordão escolhesse o curso. Aluno do 3º período no UNI-BH, ele acredita que há muito espaço no mercado para a profissão. “Além disso, saímos com uma formação bem rica para começar a carreira.”

Crescimento ficará abaixo das expectativas

Apesar da sinalização de melhora do mercado de trabalho para as engenharias com a retomada do crescimento econômico brasileiro, o processo de desenvolvimento da profissão ainda está meio acanhado, de acordo o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), Marcos Túlio de Melo.

Nos últimos dois anos, entretanto, houve uma reação, especialmente na área de Engenharia de Minas. “Motivada por um crescente processo de exportação de minério, a demanda de profissionais tem sido maior do que as instituições de ensino são capazes de formar”, verifica.

Na área industrial o engenheiro começa a ter uma inserção maior no mercado de trabalho. “Principalmente os mecânicos, devido ao bom desempenho do País no setor nos últimos anos. Isso faz com que se busquem cada vez mais profissionais.”

O projeto das Parcerias Público-Privadas (PPP) de Minas Gerais apresentado no Congresso Nacional também faz com que a área passe por uma fase de expectativas. “Caso o projeto seja aprovado, vai gerar uma série de investimentos, principalmente no setor elétrico”, verifica Matos. Segundo o presidente do Crea-MG, será necessário tanto profissionais da engenharia elétrica, como da civil. Os primeiros para trabalhar na geração e produção de energia e os outros para construir barragens.

A telecomunicação é outra área que assistiu a uma grande procura por profissionais recentemente. “Isso ocorreu em função do bum no setor. Mas nossas expectativas ainda são conservadoras.”

O crescimento dos agronegócios no Brasil tem feito com que a Engenharia Agronômica também tenha grande ocupação no cenário profissional. “Há setores mais promissores, sobretudo aqueles vinculados às empresas exportadoras”, diz Matos.

Já a Civil, uma das áreas mais conhecidas da Engenharia, tem enfrentado um momento de retração devido aos poucos investimentos na área da construção. “Temos assistido a uma grande ociosidade no setor. Nossa expectativa é que o programa proposto pelo Governo Federal através do Ministério das Cidades seja aprovado.”

Com relação à abertura de curso de Engenharia no País, o presidente do Crea-MG diz que a grande oferta de profissionais, muitas vezes despreparados, faz com que haja uma desvalorização da profissão. “É um mercado muito restrito. Com isso muitos engenheiros não estão tendo uma ocupação nem uma remuneração adequada à sua formação. Sem contar que em muitas faculdades a estrutura, seja de professores ou mesmo dos laboratórios, deixam a desejar.”

Crescimento econômico amplia mercado de trabalho para o administrador

Júnia Leticia

Com um grande leque de possibilidades de atuação, o administrador é um dos profissionais que mais têm oportunidade no mercado de trabalho. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG), Gilmar Camargo de Almeida, a administração é a carreira que possui o maior índice de colocação profissional.

Tal fato pode ser notado principalmente quando há um aquecimento da economia. “Toda vez que a produção aumenta, que se incentiva o empreededorismo, o mercado para a administração é ampliado”, ressalta o presidente do CRA-MG.

Para Almeida, a administração é uma profissão do presente e do futuro, pois congrega até mesmo profissionais de outras áreas. Um indicativo disso é a grande procura por MBAs, que são cursos de pós-graduação em administração. “Além disso, a graduação está entre as cinco mais procuradas nos vestibulares.”

Mas assim como as demais profissões, o coordenador do curso de administração do campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerias (PUC-Minas) e consultor do Ministério da Educação (MEC), Paulo Roberto de Souza admite que o mercado não está fácil. “As exigências têm mudando muito. Hoje o profissional tem que ser muito mais ágil, adaptado às tecnologias e principalmente acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo e na profissão. Apesar disso tudo, a administração ainda emprega bem.”

Segundo a coordenadora do curso de administração da Universidade Federal de Minas (UFMG), Míria Miranda de Freitas Oleto, o retorno que os alunos trazem para o meio acadêmico com relação ao mercado de trabalho é que encontram dificuldades em se posicionar. “Principalmente porque as empresas estão contratando estagiários como mão de obra não qualificada, o que não é verdade.”

A grande procura pela graduação, aliada ao baixo custo necessário para se instalar o curso faz com que a administração sofra com a proliferação de faculdades pelo país. “Mesmo assim, há uma má distribuição do curso pelo Brasil. Na cidade de Marabá, que é a terceira maior do Estado no Pará, não há faculdade de administração”, exemplifica o presidente do CRA-MG.

Para conter a abertura desenfreada de cursos de administração, no último dia 8 foi assinada uma portaria pelo Ministério da Educação na qual o Conselho de Federal de Administração (CFA) deverá dar parecer para abertura e reconhecimento de cursos. “Também há um projeto de lei em tramitação que propõe o exame de suficiência para os egressos de administração. Essa é uma outra forma de só habilitarmos para o mercado aqueles que realmente estão em condições de exercer a profissão”, destaca Almeida.

Abertura de escolas divide opiniões

A instalação de vários cursos também é vista com preocupação pelo o coordenador do curso de administração da PUC-Minas. “Acho uma questão paradoxal, porque ao mesmo tempo que dá oportunidade para mais pessoas se formarem, pode colocar profissionais não qualificados no mercado.”

Entre as diversas especializações em administração, o presidente do CRA-MG destaca como mais promissoras as de marketing, gestão ambiental, terceiro setor, hospitalar e financeira. “A área de gestão de negócios também oferece grandes oportunidades, principalmente em razão das micro e pequenas empresas, que não têm condições de contratar um administrador para diferentes setores dentro de uma organização”, pondera Almeida.

Um dos grandes atrativos do administrador é que ele possui uma formação generalista. “Durante o curso, o aluno estuda um pouco de cada área da empresa: administração de pessoas, marketing, terceiro setor, serviços e outras matérias que são necessárias à formação básica, tais como contabilidade, direito, filosofia, sociologia e psicologia”, informa o presidente do CRA-MG. Depois de formado ele pode optar por especializar-se em determinada área.

O coordenador do curso de administração da PUC-Minas diz que o curso forma profissionais para atuar nas empresas de uma maneira completa. “Desde a área financeira, passando por pessoas, marketing, área de informações e de produção, além de fornecer ao aluno subsídios para que monte o seu próprio negócio”, conta Souza.

Já a coordenadora do curso na UFMG diz que a graduação na universidade aborda a gestão das várias áreas da administração. “Sendo assim, é formado ao mesmo tempo um gestor e um empreendedor. A administração se voltou muito para o empreendedorismo em razão do desemprego”, conta Míria Oleto.

Para ser administrador, mais do que se formar na graduação, segundo Almeida, é necessário que o profissional tenha certas características pessoais, como o empreendedorismo, gostar de correr riscos, de desafios, habilidade para lidar com pessoas e ter uma boa comunicação interpessoal. “Além disso, precisa ter gosto por resultados, habilidade em motivar pessoas, gostar de liderança e principalmente ter aptidão para conciliar as idéias das pessoas que fazem parte daquela organização.”

Recém-formada em administração pela PUC-Minas, Eliane Morais Moura, optou pelo curso de administração por já ter experiência obtida na empresa de seu pai. “Além disso, gosto muito de pessoas. Por isso vou me especializar em pedagogia empresarial. A administração abre muitas oportunidades.” Apesar disso, Elaine Moura sabe que o mercado está muito concorrido. “O profissional tem de procurar mostrar os seus diferenciais, como outras formações, conhecimento de línguas, enfim, procurar investir mesmo no currículo.”

Aluno do 7o período na UFMG, Felipe Pires de Oliveira, da mesma forma que Elaine Moura, já tinha contato com a profissão antes mesmo de iniciar o curso. “Acho que o campo para quem é competente está muito bom. Há programas muito bons de trainee e de estágio”, salienta.

Consultorias enriquecem formação

Uma das formas de se obter experiência antes de se iniciar no mercado de trabalho como profissional é oferecida por consultorias formadas por estudantes. Uma delas é a UFMG Consultoria Júnior (UCJ), que é composta por alunos de administração, economia e ciências contábeis da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Face/UFMG).

Segundo a diretora de marketing e estudante do 4o período de administração da UFMG, Lívia Barakat, a UCJ presta serviços de planos de negócios, estudos de viabilidade, pesquisa de mercado e estruturação financeira a pequenas e micro empresas. “É uma associação sem fins lucrativos”, conta.

Atualmente a UCJ possui 50 membros e o diferencial da consultoria é que os alunos recebem o apoio dos professores da faculdade, que os auxiliam nos projetos. “As empresas nos procuram, nós marcamos uma reunião, avaliamos a necessidade dos clientes e locamos dois consultores para atendê-los. Nosso serviço é personalizado. A partir da reunião desenvolvemos um produto que se adeque às necessidades da empresa”, informa Lívia Barakat.

Com 12 anos de existência, além de possibilitar aos universitários a prática dos conhecimentos obtidos na sala de aula, a consultoria júnior tem um retorno positivo dos clientes. “Tanto com relação a custos quanto com relação à qualidade dos projetos”, comemora a universitária.

Sunday, October 02, 2005

Em Lagoa Santa, exija Veredas da Lagoa

Condomínio fechado oferece segurança, infra-estrutura, rentabilidade, natureza preservada e qualidade de vida

Júnia Leticia


Em busca de tranqüilidade e qualidade de vida, é crescente o número de pessoas que buscam refúgio em locais que ofereçam maior contato com a natureza. Com isso surgiram os condomínios fechados, que se expandem na Grande Belo Horizonte.

Uma das regiões próximas à capital mineira que vem concentrando esse tipo de empreendimento é o município de Lagoa Santa, que apesar da proximidade com a metrópole e do desenvolvimento econômico, conserva algumas características encontradas em cidades do interior. Seja para passar momentos de lazer nos finais de semana ou para morar, Lagoa Santa tem registrado um aumento no setor da construção civil voltado para esse segmento.

O mais recente empreendimento na cidade voltado para aqueles que estão interessados em melhorar seu estilo de vida é o Condomínio Veredas da Lagoa. “Localizado a 20 minutos de Belo Horizonte e a dois quilômetros da Lagoa Central – no centro da cidade –, o condomínio vem atender a uma demanda crescente daqueles que não abrem mão de uma vida equilibrada”, informa Jarbas Nassif, um dos proprietários da Cidade Imóveis e responsável pelo empreendimento.

Destinado a pessoas das classes média e média alta, o condomínio, localizado no bairro Veredas da Lagoa, também é uma opção de investimento. “Os terrenos em Lagoa Santa geralmente são maiores e mais baratos do que os da zona Sul, por exemplo”, esclarece o Márcio Moreira, sócio de Nassif.

Um dos fatores que contribuem para que a cidade seja a nova opção para se morar bem é a duplicação da rodovia MG-010, que liga Belo Horizonte a Lagoa Santa. “Em função do aumento do fluxo no Aeroporto de Confins, a estrada está mais iluminada e sinalizada, o que reduz o trajeto entre as duas cidades”, conta Nassif.

Outro ponto a favor de Lagoa Santa é a temperatura na cidade, com média anual de 22º C. “Dessa forma, a prática de esportes é favorecida”, lembra Nassif. Devido à proximidade com a Serra do Cipó, a cidade já é conhecida por opções de lazer voltadas para a natureza, como cavalgada, exploração de cavernas, rapel, off road (trilha), entre outras. A exuberância da vegetação, somada à excelente topografia da cidade e à qualidade da terra, favorecem ainda a prática de hobbies como jardinagem e a horticultura.

No dia 28 de agosto, as 72 unidades da primeira etapa – de um total previsto de 177 – foram apresentada para corretores e seus convidados no Condomínio Veredas da Lagoa. As áreas com o mínimo de 1.000 m2 podem ser financiadas em até 36 meses e estão à venda nas melhores imobiliárias de Lagoa Santa.

Cidade Imóveis
R. Acadêmico Nilo Figueiredo, 3790, Jardim Ipê – Lagoa Santa – MG
Tel.: (0XX31) 3681-6161
Site: www.cidadeimoveisonline.com.br

Os prós e contras do faça-você-mesmo

Júnia Leticia

Seja por necessidade ou curiosidade, o já notório jeitinho é uma forma adotada pelos brasileiros para resolver problemas que surgem no dia-a-dia. Em relação a reparos em casa não é diferente. Conserto de tomadas, desentupimento de canos e o batimento de lajes são só alguns exemplos de reparos que abrangem as partes elétrica, hidráulica e da construção civil.

Adepto do faça-você-mesmo, o motorista Itamar Paulo Muniz confessou que realiza consertos em casa por curiosidade e porque gosta, mas que a precisão também faz com que ponha a mão na massa. “Faço de tudo um pouco, seja nas partes elétrica, hidráulica e até serviços de pedreiro. Executo os reparos de acordo com a necessidade. Só em casos muito complicados é que recorro a um profissional”, contou.

Segundo o bombeiro hidráulico Almir de Lima Zeferino, tentar fazer reparos, desconhecendo as normas técnicas, pode agravar o problema. “Já cheguei em muitos apartamentos em que as pessoas, ao tentar desentupir um ralo de banheiro, furam o cano, ocasionando vazamento”, exemplificou.

Instrutor no Senai-MG, Aldair Alves de Lima, que ministra aulas para os cursos de Pedreiro de acabamento e de alvenaria e Instalador hidráulico, exemplificou algumas falhas que podem causar danos. Na parte externa de casa, alguns fatores como improvisações ao se fazer andaimes e a observação do grau de inclinação do telhado para se assentar uma laje outros pontos destacados por Lima. “A falta desses cuidados técnicos pode acarretar vazamentos no interior da residência, além de acidentes”, contou o instrutor.

Engenheiro eletricista, Fernando Queiroz Almeida reforçou a importância da contração de um profissional habilitado para executar os consertos, mas tem consciência de que a maioria da população não tem condições para isso. “No caso do ferro elétrico, que é um equipamento mais barato, por exemplo, as pessoas geralmente preferem arriscar.” No caso de reparos em televisores os riscos são ainda mais altos, por causa das tensões elevadas dentro do aparelho.

Bricolagem ganha adeptos pela economia

Expressão francesa adaptada ao português, a bricolagem significa a arte de construir, reformar e modificar por conta própria ou com grande facilidade e agilidade. Em lojas desse segmento podem ser encontrados materiais básicos para reparos nas redes elétrica e hidráulica, artigos de marcenaria, ferramentas, ferragens, cerâmica, tintas e sanitários, além de produtos para jardinagem e decoração, como tapetes e artigos para iluminação.

Uma das lojas especializadas no ramo é a Leroy Merlin, em Contagem, Grande Belo Horizonte. Segundo a gerente de gestão da loja, Mara Matos Melo, o mercado para a bricolagem no Brasil é grande e o público vem se identificando cada vez mais com o setor. “Há quatro anos em Contagem, a Leroy Merlin atende a muitas pessoas que tem esse hobby, principalmente o público feminino, que esta gostando desse conceito”, contou.

É o caso da dona de casa Sandra Raimundo dos Santos, que faz pequenos consertos em casa, como a troca de tomadas e reparos no chuveiro. Como seu irmão trabalha fora e não tem tempo, ela mesma procura solucionar esses problemas domésticos. O valor da mão-de-obra especializada é outro fator que contribui para que os consertos sejam realizados pela dona de casa. “Dou uma de curiosa, vejo o que não está funcionando e arrumo. No caso do chuveiro, às vezes é a resistência que está queimada, nas tomadas, pode ser um fio solto”, esclareceu.

Auxiliar de serviços gerais, Eunice Rosália, além de consertar chuveiros e tomadas, também rejunta azulejos e pisos e repara descarga. “Faço de tudo um pouco. A única coisa que ainda não fiz foi rebocar paredes”, contou. Eunice Rosália disse que a curiosidade e a necessidade contribuíram para seu interesse pelos reparos. “Há dez anos mexo com isso. Gosto muito, por isso sempre presto muita atenção no que os pedreiros fazem. Também ajudo amigos e vizinhos quando eles precisam”, enfatizou.

Atraso em condomínio gera polêmica

Júnia Leticia

A queda de 20% para 2% na multa por atraso dos condomínios foi uma das mudanças que provocaram mais polêmica quando o novo Código Civil entrou em vigor, em janeiro de 2003. No início desse mês foi a vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar o aumento que elevaria a multa de 2% para 10%. Para o advogado Rômulo Gouvêa, a aprovação da lei não surtiria muito efeito. “Ao tentar-se elevar a multa, criou-se uma expectativa geral de que o problema da inadimplência estaria resolvido, o que não é verdade, já que a multa é uma penalidade não cumulativa e incidente sobre o total da dívida”, explicou especialista em condomínios.

Na expectativa de que a multa de 10% fosse aprovada pelo presidente Lula, alguns condomínios mantiveram a taxa anterior ao novo Código Civil, que era de 20%, de acordo com a lei 4.591/64. “Os condomínios que continuarem sob os parâmetros dessa lei não podem se iludir com a multa de 20%, que não é cumulativa, como o novo Código Civil veio alterar e estabelecer”, diz.

Uma das formas de se diminuir a inadimplência apontada pelo advogado é a multa diária. “Mas somente nos casos de curto prazo. O grande problema dos condomínios hoje são os juros que os devedores preferem pagar em juízo, por fazerem bons acordos”, esclarece Gouvêa. Desta forma, conta o advogado, a única alternativa do condomínio é ajustar os juros de mercado na forma do artigo 1.336 do Código Civil, que estipula os juros, e simultaneamente aplicarem o artigo 1.337, que determina multas de uma a cinco taxas de condomínio ao inadimplente reiterado.

Uma outra alternativa que alguns administradores utilizam é a de dar descontos para os condôminos que pagarem com antecedência. Nesses casos, Gouvêa reafirma que a solução não surte efeito. “Os síndicos tem de se conscientizar que o grande problema do condomínio são os juros, que são cumulativos de acordo Novo Código Civil, e não a multa de 20% ou os descontos. Esses dois últimos fatores podem estimular a inadimplência”, observa. Além de contribuírem para o aumento gradativo do condomínio, uma vez que o valor da taxa é resultante do rateio entre os moradores, como conta Gouvêa. “Por isso, já há casos em que o valor do condomínio equipara-se ao do aluguel, o que contribui para a desvalorização do imóvel. Daqui a pouco tempo, se a situação continuar como está, a taxa de condomínio superará o valor do aluguel”, prevê o advogado.

Convenção - De acordo com o advogado Rômulo Gouvêa, os juros a serem cobrados pelos condomínios são convencionados pelos próprios condôminos, conforme o artigo 1.336 do Código Civil. “Portanto, a convenção do condomínio é que decide o índice de juros a serem cobrados do inadimplente reiterado, ou seja, aquele que sempre atrasa. Caso o condomínio não determine outros juros, prevalece o índice de 1% ao mês”, explica.

Atualmente não existe nenhuma lei que limite os juros que podem ser cobrados dos inadimplentes. “Antes existia a Lei de Usura, que limitava os juros a 12% ao ano. Esta lei foi revogada pela Constituição de 1988. O atual Código Civil limita os juros somente para os condomínios que não estipularem outro índice através da adequação da convenção.”

Desta forma, os juros serão definidos no limite da razoabilidade. “Esse limite foi adotado pelo Código Civil quando estipulou a multa diária de 0,33% ao dia, que corresponde a 10% ao mês”. Segundo Gouvêa, é necessário mudar a convenção para aumentar a taxa de juros sobre dívidas do condomínio. “Somente a convenção pode estipular os juros a serem cobrados dos inadimplentes, além do índice de 1% previsto no Código.”

Além dos juros e multas, há outros itens que necessitavam ser revistos e que só competem à nova convenção determinar. Entre eles está efetuar o rateio das despesas proporcional à fração ideal. “Na lei antiga isso não era obrigatório. Resultado: o condômino que tinha uma cobertura triplex, por exemplo, pagava o mesmo valor de quem possuía um apartamento comum. Essa discrepância também foi corrigida pelo Código Civil.”

Espaço gourmet: a arte de receber amigos

Diferencial nos mais recentes empreendimentos, a área é destina à convivência, degustação e exercício da culinária

Júnia Leticia


Um novo conceito em arquitetura vem ganhando mais espaço nos empreendimentos imobiliários: o espaço gourmet. Definido pela superintendente de negócios da Construtora Líder, Liliane Carneiro Costa, como área de convivência destinada à degustação de alimentos e ao exercício da culinária, a área já é incorporada nos projetos da construtora há, aproximadamente, dois anos. “Foi uma novidade muito bem aceita pelos clientes”, comemora a supervisora.

Ambiente tanto de área social ou de lazer comum, como de área privativa, o espaço gourmet é equipado como uma cozinha, que pode estar integrada à área de estar ou de refeição aberta, no estilo cozinha americana, como informa a superintendente da Líder. “É o ambiente apropriado para receber um grupo de amigos, em reunião que não exige o espaço do salão de festas. Outro importante benefício do espaço é propiciar a aproximação familiar”, conta Liliane Costa.

O retorno mais intenso das pessoas ao convívio doméstico também foi citado pela arquiteta Ana Lúcia Pinto. “Trata-se de uma tendência mundial, que faz com que as casas sejam usadas de outra maneira. Com a difusão das informações pelo mundo e a tecnologia, acaba por haver um estímulo à implementação do espaço gourmet, que vem sendo equipado com produtos importados dos mais diferentes países”, informa a arquiteta.

O retorno de antigos hábitos, quando todos se reuniam em torno da mesa, também faz com que o espaço gourmet seja um diferencial nos empreendimentos imobiliários. A mudança comportamental, aliada ao problema da violência nas ruas e à maior liberdade e aconchego só proporcionados pelo ambiente doméstico consolidam o espaço gourmet nas construções de luxo. “A necessidade de lazer com segurança e a correria do dia-a-dia fez com que a área fosse incorporada aos projetos arquitetônicos. Às vezes as pessoas deixam de sair para usufruir do espaço, que é mais aconchegante e melhor para receber os amigos com mais conforto”, ressalta a superintendente da Líder.

Aliado a esses fatores, há o crescente sucesso da gastronomia como hobby, adotado principalmente por homens, que encontram no espaço gourmet a infra-estrutura necessária aos novos chefs de cozinha. Para Ana Lúcia Pinto trata-se de uma reversão dos costumes, na qual a função da cozinha foi revista. “Cozinhar virou sinônimo de status. Brincamos que nove entre dez empresários jovens e de sucesso cozinham ou querem cozinhar.”

O gourmet pode conjugar alguns espaços, como churrasqueiras ou de grelhados, com o estar e, muitas vezes, com a varanda, dentro do apartamento. “Quando pertence à área comum do edifício, fica próximo à piscina ou ao salão de festas. É a mudança do conceito de cozinha, onde quem prepara os alimentos geralmente é o dono da casa”, informa Liliane Costa.

A construção de espaços gourmet perto de outros itens, como sauna e piscina, resultam em um centro de lazer para adultos, como constata a arquiteta Ana Lúcia Pinto. “É um valor agregado que as construtoras estão implementando nos prédios de luxo. Nessa área de convívio, a estética e o conforto são muito importantes.”

Para a jornalista Simone Almeida Monteiro Baleeiro, proprietária de um dos empreendimentos da Construtora Líder, o espaço gourmet é um grande diferencial nas construções residenciais. Em seu apartamento, a jornalista possui um espaço gourmet, equipado com churrasqueira. “Utilizo-me dele tanto no âmbito familiar, como entre amigos. Serve como uma forma de integração social”, conta Simone Baleeiro.

O espaço gourmet proporciona momentos de lazer de forma mais descontraída, como observa a jornalista. “Trata-se de um espaço à parte, muito diferenciado e interessante, mais gostoso para atender as pessoas e que agrada a todos, diferentemente da sala, que geralmente é mais formal”, esclarece.

No apartamento da futura chef de cozinha Maria Emília de Oliveira, o espaço gourmet foi um ambiente adaptado pelas arquitetas Ana Lúcia e Maria Cecília Pinto para atender à sua necessidade. “Moro em um apartamento antigo, por isso juntei dois dos quartos que tinha para instalar o espaço, conjugado à cozinha”, conta Maria Emília Oliveira.

Estudiosa da culinária francesa, a futura chef aprendeu a falar francês para preparar pratos mais elaborados, que atualmente são apreciados por amigos e parentes. “Adotei o espaço em meu apartamento porque anteriormente, ao fazer um reunião em casa, quando cozinhava, ficava longe dos convidados. Agora podemos interagir como se todos estivéssemos no mesmo espaço”, enfatiza.

Como estudiosa da cultura francesa, Maria Emília de Oliveira esclarece que uma das significações dada à palavra gourmet pelo idioma é justamente a integração entre pessoas que apreciem uma boa culinária. “É a reunião em torno da arte de cozinhar”, conta. Para melhor aproveitar seu espaço gourmet, ela instalou bancadas e um adega suspensa, além de aparelhá-la com uma coleção de facas.

Sofisticação e funcionalidade são requisitos

Na montagem de um espaço gourmet, aparelhos sofisticados são privilegiados, como esclarece a arquiteta Maria Cecília Pinto. “Essas áreas são dotadas de fogão de estilo industrial com bancada, que serve para as pessoas ficarem em volta, remetendo ao fogão de lenha, comum nas cidades do interior de Minas”, ilustra a arquiteta. Em alguns projetos, para que o ambiente fique mais fiel à atmosfera do campo, o próprio fogão de lenha e móveis feitos de madeira reciclada, procedente de demolição, são adotados.

Há, ainda, espaços especialmente projetados para se colocar bebidas e livros sobre culinária. “Equipamentos como parrilla argentina (tipo de churrasqueira) e forno de pizza também podem fazer parte do espaço gourmet”, ilustra a arquiteta Ana Lúcia Pinto. A coifa, responsável por conduzir a fumaça para fora do ambiente e impedir que o ar frio desça pela chaminé e incida sobre o fogo, espalhando fumaça e cinzas, é outro equipamento indispensável nos espaços gourmet.

Os itens que compõem esse tipo de ambiente variam conforme o perfil dos empreendimentos, como conta a superintendente da Líder. Basicamente, eles são dotados de forno elétrico, microondas, frigobar, fogão, churrasqueira, geladeira, balcão frigorífico e freezer. “Em nossos empreendimentos, alguns já vem com sofá, mesas, cadeiras, equipamentos de áudio e vídeo e até mesmo talheres, pratos, copos, enfim, tudo o que a pessoa precisa para receber um grupo de até doze pessoas”, diz a Liliane Costa. Segundo ela, ao pensar nos detalhes, a idéia da construtora é atender ao público jovem, especialmente executivos e empresários, que não têm muito tempo.

Além dos móveis e equipamentos, que devem garantir a beleza e a funcionalidade do ambiente, ao se planejar o espaço gourmet é muito importante observar o tratamento acústico a ser dado dos projetos, como ressalta a arquiteta Ana Lúcia Pinto. “Devido aos materiais empregados – pedras, cerâmicas, aço inoxidável –, corre-se o risco de que os ambientes fiquem pouco confortáveis do ponto de vista acústico”, diz a arquiteta. A ventilação é outro ponto que merece atenção nos projetos. “O espaço gourmet não pode ter um tratamento de uma cozinha comum, pois atende também à necessidade de convívio social”, lembra Ana Lúcia.

Esporte em casa

Insegurança leva construtoras a criar soluções para prática de esporte e lazer em casa

Júnia Leticia

A procura por qualidade de vida vem transformando os prédios residenciais em novos centros de lazer e esporte. Segundo o diretor comercial e de marketing da Construtora Canopus, Tárcio Barbosa, tais áreas estão se tornando imprescindíveis, principalmente para casais que têm filhos. “Por uma questão de falta de tempo, muitos estão procurando empreendimentos que tenham uma área de lazer a mais completa possível”, verifica o diretor comercial e de marketing da Canopus.

Além do tempo, a segurança foi um fator lembrado pelo diretor operacional da Construtora Tenda, André Aragão Martins Vieira, que impulsionou a instalação de áreas que potencializam a prática de exercícios físicos em residências. “As pessoas estão procurando desfrutar mais seus momentos dedicados ao lazer e ao esporte em casa. Além disso, dificuldades financeiras fizeram com que muitos transferissem o clube para dentro da residência, acarretando maior comodidade, segurança e ganho de tempo”, diz Vieira.

Para a arquiteta Juliana Lembi, os espaços para esportes são mais uma opção de lazer para os moradores dentro dos edifícios residenciais. “Na verdade, hoje essas áreas são uma demanda que não temos como deixar de lado, a fim de que os moradores tenham uma excelente condição de vida”, constata a arquiteta. Juliana Lembi ressalta que os espaços para esportes têm se tornado uma demanda cotidiana. “Atualmente, as pessoas, preocupadas com a saúde, se não freqüentam uma academia, buscam praticar esportes em sua própria casa”, diz.

A necessidade de áreas para esporte foi constatada pela Construtora Líder a partir de pesquisas de mercado, como conta o gerente de relações comerciais e marketing da empresa, Dennyson Porto. “O que nós percebemos claramente através das pesquisas é que os consumidores estão buscando equipamentos de lazer dos mais variados temas”, diz Porto.

Entre os itens procurados pelas pessoas que responderam à pesquisa estão quadras de squash e campos de golfe. “Atualmente eles querem mais que piscinas e quadras. Buscam piscinas aquecidas e cobertas, com raiais; kids club (área para as crianças brincarem, com pisos acolchoados), além de pistas para caminhada”, enumera o gerente de relações comerciais e marketing da construtora.

Assim como o diretor operacional da Tenda, Dennyson Porto constatou a tendência das pessoas de se voltarem para dentro de casa. “Antes morava-se no apartamento e freqüentava-se o clube. Hoje o clube está dentro de casa. Isso dá muita opção para o cliente”, informa Porto, que acrescenta que, para atender às demandas dos consumidores, os incorporadores têm de inovar de forma mais inteligente, desde a localização até projeto arquitetônico.

O convívio familiar e a confraternização com os amigos são outros fatores que tornaram as áreas para práticas esportivas populares entre os clientes que buscam os empreendimentos da construtora. “Notamos que nos últimos dez anos essa necessidade tem se acentuado por parte das pessoas”, conta Barbosa.

Já o diretor operacional da Tenda, Dennyson Porto, acredita que as áreas de lazer sempre foram importantes, mas tomaram muito peso a partir do final dos anos 1990, quando foi notado um maior retorno das pessoas ao convívio com amigos e parentes, e para si mesmos. “As pessoas estão mais com uma característica coletiva, até mesmo pela velocidade que os tempos modernos exigem. Hoje, por não terem mais tempo para sair, querem mais praticidade, com tudo à mão”, diz Porto.

De acordo com diretor comercial e de marketing da Construtora Canopus, Tárcio Barbosa, profissionais liberais em geral, altos executivos de empresas, comerciantes, industriais e altos servidores públicos são as pessoas que mais têm requisitado esse tipo de empreendimento. Já o diretor operacional da Construtora Tenda, André Vieira, diz que hoje todos, independente de classe social, querem áreas de esporte e lazer em seus condomínios. “Atualmente não há mais distinção. Por isso hoje a maioria dos nossos prédios tem áreas de lazer e quadras poliesportivas”, ressalta Vieira.

Áreas atendem a todos os gostos e necessidades

Entre os itens básicos presentes atualmente nos prédios residenciais há quadras poliesportivas ou de tênis, conforme o diretor comercial da Canopus, Tárcio Barbosa. “Fitness center – uma mini academia de ginástica onde são instados aparelhos de musculação, esteira, bicicletas ergométricas, entre outros – e sauna também fazem parte dos empreendimentos hoje em dia”, informa Vieira.

Na Construtora Líder, as demandas recentes são quadras de tênis oficias em saibro (terra vermelha), piscinas aquecidas com raias e de lazer aquecidas, salas de massagem e ginástica montadas e equipadas, sauna, além dos espaços de uso comum, que são os salões de festas, jogos e o espaço gourmet. “Há empreendimentos que possuem até mesmo spa, green golfe (campo para prática do esporte) e pista de cooper. Também há piscinas com cascata para crianças e adultos”, enumera o gerente de relações comerciais e marketing da empresa, Dennyson Porto.

Como construir uma sala de ginástica em casa


1. O número de aparelhos que você deve comprar depende do tamanho do espaço escolhido e do seu orçamento. Em lugares pequenos, dê prioridade às esteiras e bicicletas. Em espaços maiores , compre também aparelhos de musculação com várias funções (miniestações).
2. Para se ter uma idéia, um local com 15 metros quadrados suporta bem uma bicicleta ergométrica, uma esteira, barras e um aparelho multi-funções.
3. A sala de exercícios deve ser bem iluminada através de luz indireta, projetada sobre espelhos.
4. A sala deve ter paredes para receber espelhos. Em uma sala de 30 metros quadrados, dois espelhos de 2 metros de altura por 1,5 metro de largura são suficientes. Disponha-os de modo que você possa observar os seus movimentos em todos os aparelho disponíveis.
5. Forre o chão com um piso especial. O material mais indicado é o ever roll, que é feito de borracha de pneus reciclados.
6. Dê preferência a locais onde já existam janelas que possibilitem uma boa ventilação.
7. Se possível, escolha como local para a sala de ginástica, um espaço íntimo da casa, que fique longe da área social. Nada como uma boa privacidade para concentrar-se nos exercícios

http://www.sabido.com.br/artigo.asp?cat=53&art=719

Sistemas de aquecimento ainda são raros em Minas Gerais

Júnia Leticia

Minas Gerais tem registrado as mais baixas temperaturas dos últimos quatro anos. O frio rigoroso, que chegou mesmo antes do inverno, pegou muitos despreparados. Nem mesmo em casa, com todos os ambientes fechados e muitos agasalhos, consegue-se obter aquecimento. Por ter um clima tropical, o Brasil muitas vezes não está preparado para as baixas temperaturas. Sistemas de aquecimento são raros, especialmente em residências do Estado.

Um das conseqüências das altas temperaturas foi uma maior procura por aquecedores em relação ao ano passado. “A nossa demanda pelos modelos portáteis elétricos cresceu 40% em relação ao mesmo período de 2003”, informa a vendedora da Casa da Água Quente, Virgínia Ribeiro.

Segundo as arquitetas Ana Lúcia Azevedo Pinto e Maria Cecília Pinto, a pouca procura por sistemas de aquecimento passa pela questão cultural. “Por achar que se trata de um sistema oneroso, as pessoas nem investigam os preços. Além do mais, sendo o mineiro tradicionalmente de hábitos simples, acha que o projeto é um gasto supérfluo”, conta Ana Lúcia Azevedo Pinto.

Hoje em dia esta visão está mudando, já que as pessoas estão cada vez mais optando por receber visitas em suas residências, como diz Ana Lúcia. “As pessoas estão em busca de conforto e convivendo socialmente mais em casa. Está havendo uma revisão sobre os espaços residenciais e, entre eles, a calefação é um dos itens de conforto que as pessoas estão começando a investir.” Nesse sentido, as arquitetas fizeram uma analogia entre os fogões à lenha, comuns nas casas do interior, envolta dos quais ocorrem reuniões envolvendo familiares, vizinhos e amigos. É, também, um retorno de antigos hábitos, quando todos se reuniam em torno da mesa. A mudança comportamental, aliada ao problema da violência nas ruas e à maior liberdade e aconchego só proporcionados pelo ambiente doméstico, tendem a consolidar um novo espaço.

O mercado oferece uma infinidade de sistemas de calefação para ambientes. O mais moderno, segundo o diretor da Efatá Projetos e Soluções Integradas, Rony Rossi Horta é o Piso Radiante. “Trata-se de um sistema composto por tubulações de polietileno reticulado (PEX), que é embutido no piso. Por ele, circula água quente, responsável pela calefação”, explica Rony Rossi. O aquecimento pode ser feito através de energia solar, gás, óleo diesel ou lenha. Atualmente, mais de 50% das casas construídas na Europa possuem o Piso Radiante. No Brasil, o valor do m2 do sistema varia de R$ 100 a R$ 150.

Os sistemas de aquecimento mais conhecido são os portáteis, que podem ser encontrados nos modelos elétrico e elétrico a óleo (entre R$ 350 e R$ 400) e a gás (de R$ 600 a R$ 1.000) e os radiadores elétricos a óleo (de R$ 350 a 400).

De acordo com o diretor da Casa da Água Quente, Eduardo Tenenwurcel, entre os aquecedores mais utilizados no mundo são os radiadores de água europeus. “Eles são feitos de alumínio e são instalados na parede, por onde a água passa”, explica o diretor da Casa da Água Quente.

As lareiras, que também são sistemas de aquecimento, são outra opção para aquecimento residencial. Entre elas, há a salamandra, feita de ferro fundido (aproximadamente R$ 400), Eduardo Tenenwurcel, a lareira metálica (R$ 600) e o kit de lareira a gás, que pode ser instalado em qualquer lareira (cerca de R$ 1.800). Nela, é utilizada a lenha refratária, feita de material não combustível.

Os lençóis térmicos (aproximadamente R$ 300), o mini-split (ar condicionado que pode ser convertido para liberar ar quente) e o Pátio Heater, que é uma espécie de guarda-chuva que aquece ambientes externos (R$ 400) são outras opções para aqueles que querem fugir do frio em qualquer ambiente.

Mercado de imóveis sinaliza recuperação

Júnia Leticia

Após enfrentar um período difícil que começou em 2001, com a perda do valor de venda dos imóveis, o setor da construção civil de Minas Gerais se prepara para crescer. Com isso, a previsão para o segundo semestre de 2004 é que o preço dos imóveis registrem aumento, segundo o vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e diretor da Conartes Engenharia e Edificações Ltda., José Francisco Couto de Araújo Cançado.

De acordo com Cançado, o aumento é uma reação do setor à estagnação a que esteve condicionado nos últimos anos, registrando uma variação insignificante entre o custo unitário básico (CUB) para a construção de imóveis e o preço de venda para o consumidor. “No primeiro semestre desse ano houve alta de 3,26% no preço médio dos apartamentos como um todo, enquanto o CUB teve reajuste de 2,3%”, informa Cançado. Ou seja, o preço de venda subiu 0,96%, apesar de o índice geral de preços de mercado (IGPM) – índice que mede a variação de preços no mercado de atacado, de consumo e construção civil – ter registrado uma inflação de 6,78%, como esclarece o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG.

Ano passado, conforme Cançado, a variação entre custo e preço de venda subiu 14,66%, contra um aumento do custo da ordem de 14,81%. “Em 2003 não houve margem de lucro, com o custo sendo praticamente repassado para o preço. Nos anos anteriores a variação foi ainda maior. Em 2002 o custo subiu 13,69%, enquanto o preços de venda 9,79%. Ou seja, houve perda de uns 3% a 4%”, conta.

A redução do produto interno bruto (PIB) da construção civil – soma de tudo que foi produzido pelo setor – foi alavancada em grande parte pelo aumento nos preços de algumas matérias-primas. “Em 2001, o PIB do setor caiu 2,66%; em 2002, 1,85% e em 2003, 8,6%”, informa Cançado.

Os produtos que mais têm contribuído para a elevação do PIB da construção civil e conseqüentemente do CUB são o cimento e principalmente o aço, como verifica Cançado. “Essas matérias-primas são responsáveis por grande parte das pressões sobre o custo da construção civil. Esperamos ter uma recomposição da margem de lucro porque as empresas não estavam repassando esses custos”, diz o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG. Com isso, apesar de os empresários do setor não terem previsão de quanto será transferido ao consumidor final, a sinalização é de que haja um aumento acima do preço de custo até o final do ano.

Mesmo admitindo que os empresários vão trabalhar para obter as margens alcançadas em anos anteriores, Cançado diz que, devido à concorrência na construção civil, aliada à expectativa de crescimento da economia, haverá um momento em que o preço dos imóveis se estabilizará. “À medida que o mercado melhore e devido a tendência de aumento do lançamento no mercado imobiliário, os preços ficaram estáveis”, prevê o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG.

Para verificar o comportamento do mercado imobiliário, os empresários do setor baseiam-se em dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-MG), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “O Ipead-MG realiza desde 1994 uma pesquisa em toda a Grande Belo Horizonte para verificar o comportamento do setor imobiliário”, conta o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG.

De acordo com o Ipead-MG, no mês de junho o índice de preço dos apartamentos em Belo Horizonte teve aumento de 0,88%. Já o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) calculado pelo Ipead-MG, no mesmo período, variou em 0,59%. “Com isso, a oferta ficou relativamente estável, sendo verificada uma pequena queda. Em janeiro de 2004 foram disponibilizadas 2.373 unidades e no final de junho, 2.282”, informa Cançado. Dos apartamentos ofertados em janeiro, 1.041 foram vendidas. A diferença, ou seja, 1.332, corresponde aos lançamentos, o que resultou no número de apartamentos disponíveis em junho.

De acordo com pesquisa que apura informações do preço de venda à vista de imóveis novos realizada pelo Ipead, as vendas de apartamentos se encontram em crescimento consecutivo desde março de 2004. Em junho houve o maior volume de lançamentos desde outubro de 2003, de acordo com o instituto. Nesse mês, foi registrado um dos maiores percentuais de empreendimentos com reajuste de tabela, com aumento de preço real para apartamentos.

Imóveis para a classe média são os mais vendidos

Segundo a assessoria de comunicação do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), os empreendimentos que registraram maior venda de acordo com o levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-MG) em junho de 2004 foram os que pertencem ao grupo “médio”, segundo classificação adotada pelo instituto, que leva em consideração os bairros por classe de renda. Nesse grupo, o preço médio de venda por tipos de bairro variaram entre R$ 62 mil (dois quartos), R$ 70,6 mil (três quartos) e R$ 203,9 mil (quatro quartos).

O grupo “luxo” – apartamentos de R$ 205,4 mil (dois quartos), R$ 238,1 mil (três quartos) e R$ 594,6 mil (quatro quartos) – teve 874 unidades vendidas, os “populares” – R$ 30 mil (dois quartos) e R$ 54,9 (três quartos) – registraram comercialização de 198 unidades e por fim os do grupo “alto” – R$ 54,7 mil (dois quartos), R$ 70 mil (três quartos) e R$ 340,8 mil (quatro quartos), com 198 unidades vendidas. A pesquisa do Ipead apurou informações do preço de venda à vista de imóveis novos.

A previsão para o fim do ano, segundo o vice-presidente da área imobiliária do Sindiscon-MG, é que os apartamentos vendidos sejam repostos. “Mesmo com o reajuste previsto para o segundo semestre, o volume de vendas deve aumentar, já que a economia dá sinais de melhora”, considera. Segundo ele, a implantação do patrimônio de afetação na incorporações imobiliárias também contribui para o otimismo do setor. Conforme esse regime, as construtoras são obrigadas a terem contabilidade própria, isolando todas as receitas e despesas do empreendimento. Adotando-se esse procedimento, evita-se que casos como o da Construtora Encol se repitam, já que caso a incorporadora venha a falir, os mutuários poderão continuar as obras.

Guia orienta consumidor na hora da compra

Para auxiliar as pessoas que desejam comprar um imóvel, o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) disponibilizou em seu site o Guia do Comprador de Imóvel. O objetivo essencial do guia é difundir esclarecimentos básicos e práticos, do ponto de vista jurídico-legal, capazes de tornar mais segura a aquisição de um imóvel em condomínio, seja apartamento, loja, sala ou vaga de garagem.

Um dos tópicos contidos no guia é orientação prelimiar ao comprador do imóvel. Nela, o Sinduscon-MG diz que, uma vez fechado o negócio, as partes envolvidas devem assinar um contrato – normalmente uma Promessa de Compra e Venda – no qual o negociador promete vender ao comprador uma determinada unidade imobiliária por um preço e nas condições de pagamento previamente combinadas.

A chamada Promessa de Compra e Venda é um dos instrumentos mais comuns na aquisição de uma unidade autônoma em condomínio (apartamento, sala, loja ou vaga de garagem) e o mais utilizado nos negócios fechados diretamente entre da construtora incorporadora e o comprador, como esclarece o Guia do Comprador de Imóvel. Para orientar quem deseja comprar uma unidade nestas condições, serão abordadas a seguir três modalidades desse instrumento de negócio imobiliário: a Promessa de Compra e Venda de unidade a ser construída ou na planta, a Promessa de Compra e Venda de unidade em construção e a Promessa de Compra e Venda de imóvel pronto.

Outros pontos abordados pelo guia refere-se aos cuidados a serem tomados antes da assinatura do contrato, exigência que o comprador deve fazer, noções gerais sobre hipoteca e financiamento, o que é regime de construção de um empreendimento imobiliário, cuidados ao analisar o negócio, o que diz a lei, dentre outros. A Guia do Comprador de Imóvel pode ser conferido na integra no site do Sinduscon-MG – www.sinduscon-mg.org.br/midia/guia.html.

Como fugir das infiltrações

Problema é um dos mais graves verificados em áreas externas, mas há como escapar dele

Júnia Leticia


Responsável por grande parte dos transtornos que podem ocorrer em construções residenciais ou comerciais, sejam edifícios ou casas, a infiltração é um dos problemas mais graves verificados em áreas externas ou internas das edificações. Sua ocorrência pode estar relacionada à má execução ou deterioração do produto ou material impermeabilizante. Os sinais mais comuns de sua ocorrência são manchas nas paredes, bolhas e descamação da pintura.

A construção em solos úmidos é um dos fatores que causa a infiltração, como contou a arquiteta da D&P Arquitetura, Pascale Carsalade. Este tipo é denominado de infiltração por capilaridade. “A umidade pode penetrar pelas paredes da construção e invadir seu interior. Nesse caso, é necessário o tratamento na própria fundação direta. Às vezes, vale a pena fazer até mesmo um sistema de drenagem no terreno.”

Como são vários os fatores que podem ocasionar a infiltração, para cada caso existe um procedimento, de acordo com o engenheiro e diretor da ML Impermeabilizações, Marcus Lodi. “As infiltrações mais comuns ocorrem em lajes descobertas ou em paredes externas. Para essa circunstância, é necessário executar algum tipo de impermeabilização ou refazer a já existente.” De acordo com o engenheiro, o ideal é que o projeto de impermeabilização seja realizado em conjunto com outros projetos, como o elétrico, o hidráulico, de telefonia, arquitetônico, estrutural, entre outros, ainda na planta.

A dona de casa Divaner Margarida de Carvalho Lima já sofre com o transtorno há mais de 15 anos na casa em que mora, construída a cerca de três décadas. “Surgiu um problema na laje, que é maciça. Já colocamos mais cimento, mas mesmo assim há muito vazamento nas paredes, chegando a escorrer água. Nós já gastamos muito, fizemos muitos revestimentos, mas não resolveu nada. As paredes estão sempre úmidas. A única solução que nos foi apresentada é a de fazer o telhado e não apenas cobrir.”

De acordo com Lodi, a impermeabilização dura, geralmente, de 15 a 25 anos, dependendo do sistema utilizado. “Se a laje for exposta, tem de se fazer ou refazer a impermeabilização, porque ela tem um tempo de vida útil. E, com as chuvas, o problema ocorre com mais freqüência.”

Atualmente, a impermeabilização mais utilizada para lajes descobertas é a manta asfáltica. Trata-se de uma membrana asfáltica aluminizada que reduz em até 85% o calor e até 100% a umidade. A aplicação do sistema em superfícies não transitáveis, como telhados e pré-moldados, é o processo mais recomendado, pois reflete os raios solares, impedindo o ressecamento. Em superfícies transitáveis, utiliza-se a manta asfáltica com a sobreposição de uma camada de cimento que a proteja do ressecamento e danos mecânicos. “É um sistema seguro, confiável e com maior durabilidade. A manta asfáltica é aprovada e normalizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, ressaltou.

A manta asfáltica é à base de asfalto, polímeros e estrutura de poliéster. Pode ser apresentada nas versões convencional – com ambas as faces de asfalto – e alumínio – com lâmina de alumínio refletora de raios solares na face superior. “A diferença entre elas é que a de alumínio pode ser exposta ao tempo, enquanto a convencional não, pois envelhece”, esclareceu Lodi.

Para se colocar a manta asfáltica, o piso tem de ser preparado, como informou o engenheiro da ML Impermeabilizações. “É necessário quebrar a laje de cobertura e remover as camadas, para que o piso possa receber a massa.”

O engenheiro civil, mestre em Engenharia de Materiais, professor da disciplina Impermeabilizações do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e perito na matéria junto às justiças Federal e Estadual, Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, disse que os impermeabilizantes podem ser classificados em três categorias: os rígidos, os semi-rígidos e os flexíveis. “Os materiais rígidos são melhor utilizados em locais onde não há movimentação estrutural ou térmica, como banheiros, áreas frias e caixas d’água. Normalmente ele é composto de cimento ou argamassa polimérica. Um exemplo desse sistema é a cristalização."

Já os flexíveis são compostos por derivados do petróleo, como asfaltos modificados e mantas asfálticas. De acordo com Saliba Júnior, sua indicação de uso, na maioria das vezes, é em locais com grandes movimentações térmicas ou mecânicas, como áreas externas de pilotis, lajes sem cobertura e piscinas. "Os materiais semi-rígidos são intermediários entre os dois anteriores, apresentando alguma flexibilidade. De uso limitado, pode ser empregado na recomposição de fachadas com problema de infiltração. Um bom exemplo desses materiais são as argamassas poliméricas, produzidas à base de cimento e resina acrílica."

Saliba Júnior ressaltou que, como as infiltrações estão relacionadas à presença de água, a melhor época para se detectar o problema é durante o período de chuvas. “Uma definição simples diz que impermeabilização é uma atividade de engenharia – pois deve ser sempre elaborada e acompanhada por engenheiros – que visa determinar, por um determinado período de tempo, a rota de escoamento da água nas construções. Sendo assim, a melhor época do ano para compra de imóveis é durante as chuvas. Se for uma infiltração externa, por água das chuvas, não dá para ser detectada. Mas se for interna, em pouco tempo se manifestará.”

Impermeabilização dura até 25 anos

O Xypex Engenharia do Concreto por Cristalização, ou simplesmente cristalização, é uma outra modalidade de impermeabilização, proteção e recuperação de estruturas de concreto disponibilizada pelo mercado. Mais moderna, a tecnologia, desenvolvida pela a Xypex Chemical Corporation, do Canadá, permite a correção dos problemas de infiltração a partir de técnicas de injeção e de cristalização interna do concreto.

Agentes químicos diversos e catalisadores são induzidos e absorvidos pelo concreto, dando início, em seu interior, a reações químicas diversas que têm a capacidade de reagir com os compostos solúveis e subprodutos da hidratação do cimento, formando cristais não-solúveis nestes espaços capilares do concreto. “Consiste em um tratamento químico da estrutura que, aplicado no concreto, transforma-o em um material impermeável. O produto é um catalisador que preenche os poros do concreto com cristais não-solúveis quando a água entra em contanto com o concreto”, explicou o arquiteto e diretor da G-Maia Construtora, Gustavo Maia. Além da impermeabilidade, há, ainda, a realcalinização da estrutura, ou seja, o concreto restabelece a sua condição alcalina para prevenir a corrosão das suas armaduras, propiciando maior durabilidade.

Infiltrações ocorrem, ainda, através de trincas e fissuras. Em função das características da própria estrutura, estas trincas podem movimentar-se, o que faz com que seja necessário o tratamento com um sistema flexível. Para estes casos existem as injeções de poliuretano flexível. “Injetamos a resina flexível com pressão com a utilização de equipamentos específicos para preencher as trincas ou pontos de movimentação existentes no concreto”, contou Maia.

A grande vantagem desses processos é a de não se quebrar a área a ser impermeabilizada. Segundo o diretor da G-Maia Construtora, “a aplicação do produto é feita pelo lado negativo, ou seja, parte contrária a que a água está atuando”.

Há mais de vinte anos no exterior, a tecnologia é utilizada no Brasil há, aproximadamente, seis anos e, em Belo Horizonte, desde 1998. “No Brasil, a cristalização já foi empregada em diversas obras de infra-estrutura, como o Estádio do Morumbi e o Metrô de São Paulo, no prédio do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), além de ser sistematicamente utilizado pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).”

O engenheiro civil especializado em recuperação de estruturas, Élvio Mosci Piancastelli, optou pelo sistema de cristalização para empermeabilizar a área externa do Condomínio Edifício Cláudia, no bairro Santa Lúcia, em Belo Horizonte. Além de morador, Piancastelli presta assessoria técnica no condomínio. “Optei por esse sistema devido à menor relação custo-benefício, facilidade de manutenção em uma eventual necessidade futura e rapidez na conclusão do serviço. Agilidade na manutenção é importante em qualquer estrutura e em condomínios torna-se de maior relevância pela diversidade de interesses envolvidos”, destacou.

Fatores que podem causar a da infiltração

- Chuvas: a água penetra através da fachada ou cobertura.
- Condensação de vapor: é a passagem do estado gasoso para o líquido por abaixamento de temperatura ou elevação da pressão. Ocorre quando ambientes aquecidos, como banheiros, são totalmente fechados na hora do banho. O vapor produzido transforma-se em umidade, o que pode causar infiltração e mofo.
- Capilaridade: umidade pode penetrar pelas paredes da construção e invadir seu interior, quando a construção é realizada em solos muito úmidos.
- Danos ou rupturas em encanamentos
- Má vedação em janelas: quando a chuva ou umidade é sobre o local, a água entra pela greta.

Precauções ao se contratar serviços de impermeabilização


- Procurar referências sobre a capacidade técnica-financeira da empresa antes da contratação
- Exigir o direito da garantia
- Solicitar ao proponente uma listagem de obra executada com nome e telefone do cliente para checar sua satisfação
- Acionar o especialista em impermeabilização antes da execução total da estrutura para possibilitar adaptações que auxiliem no processo de impermeabilização
- Executar um projeto de impermeabilização que leve em conta os demais projetos
- Exigir uma proposta técnica que descreva os detalhes do tratamento
- Avaliar os processos pelo melhor custo-benefício e não pelo menor preço.
- Avaliar na solução proposta:
* Custo
* Durabilidade da solução
* Dificuldade/Facilidade de manutenção
- Fiscalizar a execução de forma a garantir que a execução esta de acordo com a especificação