O Tempo

Wednesday, October 05, 2005

Crescimento econômico amplia mercado de trabalho para o administrador

Júnia Leticia

Com um grande leque de possibilidades de atuação, o administrador é um dos profissionais que mais têm oportunidade no mercado de trabalho. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG), Gilmar Camargo de Almeida, a administração é a carreira que possui o maior índice de colocação profissional.

Tal fato pode ser notado principalmente quando há um aquecimento da economia. “Toda vez que a produção aumenta, que se incentiva o empreededorismo, o mercado para a administração é ampliado”, ressalta o presidente do CRA-MG.

Para Almeida, a administração é uma profissão do presente e do futuro, pois congrega até mesmo profissionais de outras áreas. Um indicativo disso é a grande procura por MBAs, que são cursos de pós-graduação em administração. “Além disso, a graduação está entre as cinco mais procuradas nos vestibulares.”

Mas assim como as demais profissões, o coordenador do curso de administração do campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerias (PUC-Minas) e consultor do Ministério da Educação (MEC), Paulo Roberto de Souza admite que o mercado não está fácil. “As exigências têm mudando muito. Hoje o profissional tem que ser muito mais ágil, adaptado às tecnologias e principalmente acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo e na profissão. Apesar disso tudo, a administração ainda emprega bem.”

Segundo a coordenadora do curso de administração da Universidade Federal de Minas (UFMG), Míria Miranda de Freitas Oleto, o retorno que os alunos trazem para o meio acadêmico com relação ao mercado de trabalho é que encontram dificuldades em se posicionar. “Principalmente porque as empresas estão contratando estagiários como mão de obra não qualificada, o que não é verdade.”

A grande procura pela graduação, aliada ao baixo custo necessário para se instalar o curso faz com que a administração sofra com a proliferação de faculdades pelo país. “Mesmo assim, há uma má distribuição do curso pelo Brasil. Na cidade de Marabá, que é a terceira maior do Estado no Pará, não há faculdade de administração”, exemplifica o presidente do CRA-MG.

Para conter a abertura desenfreada de cursos de administração, no último dia 8 foi assinada uma portaria pelo Ministério da Educação na qual o Conselho de Federal de Administração (CFA) deverá dar parecer para abertura e reconhecimento de cursos. “Também há um projeto de lei em tramitação que propõe o exame de suficiência para os egressos de administração. Essa é uma outra forma de só habilitarmos para o mercado aqueles que realmente estão em condições de exercer a profissão”, destaca Almeida.

Abertura de escolas divide opiniões

A instalação de vários cursos também é vista com preocupação pelo o coordenador do curso de administração da PUC-Minas. “Acho uma questão paradoxal, porque ao mesmo tempo que dá oportunidade para mais pessoas se formarem, pode colocar profissionais não qualificados no mercado.”

Entre as diversas especializações em administração, o presidente do CRA-MG destaca como mais promissoras as de marketing, gestão ambiental, terceiro setor, hospitalar e financeira. “A área de gestão de negócios também oferece grandes oportunidades, principalmente em razão das micro e pequenas empresas, que não têm condições de contratar um administrador para diferentes setores dentro de uma organização”, pondera Almeida.

Um dos grandes atrativos do administrador é que ele possui uma formação generalista. “Durante o curso, o aluno estuda um pouco de cada área da empresa: administração de pessoas, marketing, terceiro setor, serviços e outras matérias que são necessárias à formação básica, tais como contabilidade, direito, filosofia, sociologia e psicologia”, informa o presidente do CRA-MG. Depois de formado ele pode optar por especializar-se em determinada área.

O coordenador do curso de administração da PUC-Minas diz que o curso forma profissionais para atuar nas empresas de uma maneira completa. “Desde a área financeira, passando por pessoas, marketing, área de informações e de produção, além de fornecer ao aluno subsídios para que monte o seu próprio negócio”, conta Souza.

Já a coordenadora do curso na UFMG diz que a graduação na universidade aborda a gestão das várias áreas da administração. “Sendo assim, é formado ao mesmo tempo um gestor e um empreendedor. A administração se voltou muito para o empreendedorismo em razão do desemprego”, conta Míria Oleto.

Para ser administrador, mais do que se formar na graduação, segundo Almeida, é necessário que o profissional tenha certas características pessoais, como o empreendedorismo, gostar de correr riscos, de desafios, habilidade para lidar com pessoas e ter uma boa comunicação interpessoal. “Além disso, precisa ter gosto por resultados, habilidade em motivar pessoas, gostar de liderança e principalmente ter aptidão para conciliar as idéias das pessoas que fazem parte daquela organização.”

Recém-formada em administração pela PUC-Minas, Eliane Morais Moura, optou pelo curso de administração por já ter experiência obtida na empresa de seu pai. “Além disso, gosto muito de pessoas. Por isso vou me especializar em pedagogia empresarial. A administração abre muitas oportunidades.” Apesar disso, Elaine Moura sabe que o mercado está muito concorrido. “O profissional tem de procurar mostrar os seus diferenciais, como outras formações, conhecimento de línguas, enfim, procurar investir mesmo no currículo.”

Aluno do 7o período na UFMG, Felipe Pires de Oliveira, da mesma forma que Elaine Moura, já tinha contato com a profissão antes mesmo de iniciar o curso. “Acho que o campo para quem é competente está muito bom. Há programas muito bons de trainee e de estágio”, salienta.

Consultorias enriquecem formação

Uma das formas de se obter experiência antes de se iniciar no mercado de trabalho como profissional é oferecida por consultorias formadas por estudantes. Uma delas é a UFMG Consultoria Júnior (UCJ), que é composta por alunos de administração, economia e ciências contábeis da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Face/UFMG).

Segundo a diretora de marketing e estudante do 4o período de administração da UFMG, Lívia Barakat, a UCJ presta serviços de planos de negócios, estudos de viabilidade, pesquisa de mercado e estruturação financeira a pequenas e micro empresas. “É uma associação sem fins lucrativos”, conta.

Atualmente a UCJ possui 50 membros e o diferencial da consultoria é que os alunos recebem o apoio dos professores da faculdade, que os auxiliam nos projetos. “As empresas nos procuram, nós marcamos uma reunião, avaliamos a necessidade dos clientes e locamos dois consultores para atendê-los. Nosso serviço é personalizado. A partir da reunião desenvolvemos um produto que se adeque às necessidades da empresa”, informa Lívia Barakat.

Com 12 anos de existência, além de possibilitar aos universitários a prática dos conhecimentos obtidos na sala de aula, a consultoria júnior tem um retorno positivo dos clientes. “Tanto com relação a custos quanto com relação à qualidade dos projetos”, comemora a universitária.

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