O Tempo

Sunday, October 02, 2005

Os prós e contras do faça-você-mesmo

Júnia Leticia

Seja por necessidade ou curiosidade, o já notório jeitinho é uma forma adotada pelos brasileiros para resolver problemas que surgem no dia-a-dia. Em relação a reparos em casa não é diferente. Conserto de tomadas, desentupimento de canos e o batimento de lajes são só alguns exemplos de reparos que abrangem as partes elétrica, hidráulica e da construção civil.

Adepto do faça-você-mesmo, o motorista Itamar Paulo Muniz confessou que realiza consertos em casa por curiosidade e porque gosta, mas que a precisão também faz com que ponha a mão na massa. “Faço de tudo um pouco, seja nas partes elétrica, hidráulica e até serviços de pedreiro. Executo os reparos de acordo com a necessidade. Só em casos muito complicados é que recorro a um profissional”, contou.

Segundo o bombeiro hidráulico Almir de Lima Zeferino, tentar fazer reparos, desconhecendo as normas técnicas, pode agravar o problema. “Já cheguei em muitos apartamentos em que as pessoas, ao tentar desentupir um ralo de banheiro, furam o cano, ocasionando vazamento”, exemplificou.

Instrutor no Senai-MG, Aldair Alves de Lima, que ministra aulas para os cursos de Pedreiro de acabamento e de alvenaria e Instalador hidráulico, exemplificou algumas falhas que podem causar danos. Na parte externa de casa, alguns fatores como improvisações ao se fazer andaimes e a observação do grau de inclinação do telhado para se assentar uma laje outros pontos destacados por Lima. “A falta desses cuidados técnicos pode acarretar vazamentos no interior da residência, além de acidentes”, contou o instrutor.

Engenheiro eletricista, Fernando Queiroz Almeida reforçou a importância da contração de um profissional habilitado para executar os consertos, mas tem consciência de que a maioria da população não tem condições para isso. “No caso do ferro elétrico, que é um equipamento mais barato, por exemplo, as pessoas geralmente preferem arriscar.” No caso de reparos em televisores os riscos são ainda mais altos, por causa das tensões elevadas dentro do aparelho.

Bricolagem ganha adeptos pela economia

Expressão francesa adaptada ao português, a bricolagem significa a arte de construir, reformar e modificar por conta própria ou com grande facilidade e agilidade. Em lojas desse segmento podem ser encontrados materiais básicos para reparos nas redes elétrica e hidráulica, artigos de marcenaria, ferramentas, ferragens, cerâmica, tintas e sanitários, além de produtos para jardinagem e decoração, como tapetes e artigos para iluminação.

Uma das lojas especializadas no ramo é a Leroy Merlin, em Contagem, Grande Belo Horizonte. Segundo a gerente de gestão da loja, Mara Matos Melo, o mercado para a bricolagem no Brasil é grande e o público vem se identificando cada vez mais com o setor. “Há quatro anos em Contagem, a Leroy Merlin atende a muitas pessoas que tem esse hobby, principalmente o público feminino, que esta gostando desse conceito”, contou.

É o caso da dona de casa Sandra Raimundo dos Santos, que faz pequenos consertos em casa, como a troca de tomadas e reparos no chuveiro. Como seu irmão trabalha fora e não tem tempo, ela mesma procura solucionar esses problemas domésticos. O valor da mão-de-obra especializada é outro fator que contribui para que os consertos sejam realizados pela dona de casa. “Dou uma de curiosa, vejo o que não está funcionando e arrumo. No caso do chuveiro, às vezes é a resistência que está queimada, nas tomadas, pode ser um fio solto”, esclareceu.

Auxiliar de serviços gerais, Eunice Rosália, além de consertar chuveiros e tomadas, também rejunta azulejos e pisos e repara descarga. “Faço de tudo um pouco. A única coisa que ainda não fiz foi rebocar paredes”, contou. Eunice Rosália disse que a curiosidade e a necessidade contribuíram para seu interesse pelos reparos. “Há dez anos mexo com isso. Gosto muito, por isso sempre presto muita atenção no que os pedreiros fazem. Também ajudo amigos e vizinhos quando eles precisam”, enfatizou.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home