O Tempo

Sunday, October 02, 2005

Iluminação do futuro já chegou em BH

Leds saíram do escurinho do cinema para dar vida a ambientes com economia, eficiência e maior durabilidade

Júnia Leticia

A busca por fontes luminosas cada vez mais eficientes é uma constante e entre as novidades do mercado de iluminação destaca-se a propagação do uso de leds. Comumente visto em escadas, contornos dos corredores das salas de cinema e na decoração – especialmente em acabamentos em estantes ou outros móveis –, o led (diodo emissor de luz) vem sendo adotado em substituição às lâmpadas incandescentes. As vantagens dos leds são o menor consumo de energia e maior durabilidade, superior à das lâmpadas.

Muitas pessoas já estão familiarizadas com as luzinhas vermelhas usadas como indicadores para, por exemplo, mostrar que existem mensagens na secretária eletrônica. Outras funções, no entanto, começam a despontar. “Em Belo Horizonte já há leds em semáforos. Na indústria automobilística o dispositivo também é empregado nos break lights (luzes de freio)”, exemplifica o engenheiro eletricista Fernando Queiroz Almeida.

Apesar de não ser recente o uso dos diodos emissores de luz em eletrodomésticos e eletroeletrônicos, o aumento do emprego do dispositivo e pesquisas na área fizeram com que o preço deles caíssem, como informa Almeida. “Os leds já estão sendo empregados em luminárias residenciais”, conta Almeida. Mas em se tratando da substituição em grandes ambientes, o uso de diodos emissores de luz ainda não é indicado, de acordo com o engenheiro, por não proporcionar iluminação difusa. “O led só emite luz em um sentido, funcionando quase como lanternas”, explica.

Com o desenvolvimento tecnológico já há especulações de que os diodos emissores de luz possam ser empregados em grandes projetos. Segundo o diretor da Interpam Iluminação, Fernando Rosso, países como a Alemanha e os Estados Unidos já desenvolvem, por meio de pesquisas de última geração, a utilização de leds de grande potência ou de iluminação mais abrangente. “Aliás, algumas empresas dos dois países já desenvolveram leds para iluminação pública de postes, por exemplo. Os leds, além de serem muito duráveis, não emitem calor e enquanto uma lâmpada normal tem vida útil de mil horas, um diodo emissor de luz prolonga-se por 100 mil horas”, conta o empresário.

De acordo com o designer industrial da Interpam, Camilo Belchior, os leds foram desenvolvidos inicialmente para uma emissão de luz muito pequena. “Entretanto, com os estudos na área, a cada dia que passa esses componentes vem se tornando mais duráveis, econômicos e potentes”, observa. Em Minas, a Interpam Iluminação, no mercado há mais de 20 anos, está desenvolvendo um projeto para uso de leds em estações de trabalho da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Na área de decoração, a empresa já lançou a line leds, luminárias futuristas que prometem agradar aos gostos mais exigentes.

Uma das aplicações dos diodos emissores de luz citada pelo designer é o balizamento de carros em entradas de casas de shows e estacionamentos. “Só que hoje, com os avanços das pesquisas no Exterior, o emprego de leds vai mais além. Já se conseguiu fazer com que um poste de iluminação pública de 4 metros de altura conseguisse proporcionar uma luminosidade em um raio de 8 metros”, informa. Apesar de ainda não disponível no Brasil, Belchior diz que o país já caminha em busca do maior desenvolvimento dessa tecnologia. “Afinal, os leds são a iluminação do futuro. Eles têm a durabilidade de 100 mil horas com consumo energético de apenas 1,5 watts”, esclarece Belchior.

A versatilidade de cores é outro diferencial que faz com que o led seja bastante usado na parte de iluminação, tanto funcional quanto decorativa, conta engenheiro eletricista, consultor da Cobrapi Engenharia e membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-03/ABNT), Ricardo Prado Tamietti. “Para se substituir uma lâmpada são necessários vários leds, que na verdade são microlâmpadas. Mesmo assim, apesar de serem utilizados em um número de unidades maior, são mais econômicos e têm vida útil e potência maiores”, ressalta Tamietti.

Utilização de leds ainda é cara

Apesar de ainda não estarem sendo utilizados na iluminação pública, o consultor da Cobrapi Engenharia e membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-03/ABNT), Ricardo Tamietti, diz que os leds são tecnicamente viáveis. “Mas ainda não estão sendo utilizados devido à sua pouca intensidade luminosa. Por isso, nos postes ainda são utilizadas lâmpadas de vapor de sódio, mercúrio ou mista”, avalia.

Apesar de consumirem menos energia e possuírem maior durabilidade, os diodos emissores de luz também têm a desvantagem de serem uma tecnologia cara, como conta o consultor da Cobrapi. “Por isso seu emprego ainda não é tão interessante”, informa. Por enquanto, segundo ele, o grande emprego dos leds têm se limitado às áreas decorativas e de finalização. “O dispositivo não é utilizado na iluminação funcional, como em residências, em substituição às lâmpadas que iluminam ambientes inteiros”, exemplifica.

O consultor da Cobrapi confirmou que os semáforos são uma das apostas da utilização de leds em grande escala em equipamentos de maior porte. “Muitos deles já possuem leds. Comparável aos já instalados, ainda é pouco. Mas os que estão sendo colocados em funcionamento atualmente utilizam-se dos diodos emissores de luz”, confirma.

Nos projetos da arquiteta Myrna Gondim Porcaro os leds já estão sendo incluídos com o objetivo de se iluminar interiores de edifícios e casas. “Fazendo composição com outras lâmpadas, é possível obter efeitos luminosos maiores”, esclarece a arquiteta, que recentemente esteve na maior feira de iluminação do mundo, a Light Building, que foi realizada em Frankfurt, na Alemanha. “No evento pude perceber os avanços relativos aos diodos emissores de luz. Metade dos estandes da Light Building davam destaque a técnicas e ambientes que empregavam leds”, informa.

Mas enquanto as novas tecnologias envolvendo os diodos emissores de luz não chegam ao Brasil, os dispositivos são utilizados em outras inúmeras possibilidades. “Recentemente tenho trabalhado muito com o efeito de variações de cores. A primeira vez que usei os leds para obter esse resultado foi na Casa Cor 2002”, conta Myrna Porcaro. Em seu estande, a arquiteta utilizou leds para iluminar a bancada da cozinha. Na ocasião, não foi utilizado o efeito de variações de cores. “Ainda não havia o dispositivo que, acoplado ao led, possibilitava a alteração de cores. Mesmo assim, o equipamento disponível era sofisticado, que me deu a intensidade de cor fria que eu estava necessitando, com economia de espaço”, diz.

Na Casa Cor 2004, Myrna Porcaro empregou as variações de cores possibilitadas pelos leds. “Projetei um espaço para home theater, no qual dei muita ênfase à iluminação, que deve ser bem dosada por quem utiliza esse tipo de equipamento ou os monitores de plasma”, informa.

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