O Tempo

Thursday, September 29, 2005

Especializações reforçam vocação do Direito como área promissora

Júnia Leticia

Tradicional e um dos mais procurados por quem quer fazer um curso de graduação, o Direito ainda é uma área promissora, segundo a coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas do campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Alexandra Clara Ferreira Faria. É o curso que prepara e forma o agente político do judiciário, que é o juiz, como conta o articulador do curso no Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Luciano Fonte Bôa. “Não existe Estado soberano sem o bacharel em Direito”, ressalta o professor, referindo-se ao poder Judiciário.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas do campus Coração Eucarístico da PUC-Minas, apesar da competitividade no mercado, há oportunidade para todos. “Para isso o profissional tem de se firmar, de se solidificar e mostrar uma formação diferenciada. Tem de ser uma pessoa ética, ter zelo e competência. Quem não apresentar essas características, será excluído”, profetiza Alexandra Faria.

As diversas formas de se atuar tendo o diploma de Direito faz com que a carreira esteja sempre em voga. “O bacharel pode prestar concurso para juiz, promotor e defensor público, pode atuar como professores, consultor ou assessor na área de advocacia preventiva, entre outras”, conta a coordenadora da PUC-Minas. Ela explica que a advocacia preventiva, ramo novo no Direito, surgiu devido à necessidade de uma solução rápida para os conflitos. “O Judiciário é lento e as pessoas buscam agilidade nos processos.”

Fonte Bôa argumenta que aos pouco, Minas Gerais, especialmente Belo Horizonte, está consolidando a advocacia preventiva, dispondo de uma estrutura ampla e diversificada. “É a área do Direito que vai tratar do problema antes que ele surja, obtendo orientações com o profissional sobre os trâmites legais antes de tomar qualquer decisão que envolva a Justiça.”

Outro filão que tem atraído grande parte dos bacharéis em Direito é o de concursos públicos. “Estamos presenciando uma grande procura por cursos preparatórios, devido à quantidade de concursos que exigem a bacharéis na graduação”, verifica a coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas da PUC-Minas. A estabilidade faz com que muitos se graduem na área somente para prestar concursos e conseguir estabilidade no emprego. “Hoje, seguramente, a maior parte dos recém-formados está dirigindo os seus esforços nesse sentido”, afirma Luciano Fonte Bôa.

As áreas de consultoria e meio ambiente também são ramos promissores da profissão. “Há uma legislação específica no Brasil voltada para a questão ambiental, só que ela não é muito aplicada”, diz Alexandra Faria. O Direito Eletrônico, que aborda, entre outros aspectos, crimes virtuais e as relações de comerciais firmadas via internet, é outro campo em expansão.

Durante os cinco anos, além das disciplinas fundamentais da graduação, como introdução ao direito, há também filosofia, sociologia, economia e ciência política. “São matérias que prepararão os alunos para desenvolver um raciocínio abstrato, ético e humanístico, e o Direito, como ciência, não está desvinculado de outros saberes humanos”, explica Luciano Fonte Bôa.

De acordo com ele, não como ensinar Direito separando-o da ética, da política, da religião e principalmente da filosofia. “Honra, justiça e direito à liberdade são matérias que pertencem também à filosofia. A própria idéia de dever também”, assinala. Entretanto o articulador do curso no UNI-BH ressalta que o Direito não repete ou copia a filosofia. “O que ocorre é a utilização do conhecimento filosófico como fundamento.”

Com a abertura crescente de novos cursos de Direito, uma das grandes preocupações dos profissionais da área é que haja uma queda na qualidade do ensino. A busca da instalação do curso pelas instituições se deve à sua tradição e à procura pelos estudantes. “Além disso, para se instalar a graduação não é necessário a compra de aparelhos caros, como ocorre na Medicina, por exemplo. Com isso a graduação torna-se o carro-chefe de toda a faculdade”, aponta a coordenadora PUC-Minas.

Para Fonte Bôa, esse quadro é fenômeno social e econômico inerente ao capitalismo. “Sou contra instituições de ensino superior com fins lucrativos, pois deixam de ser faculdades para se tornar empresas. O ensino jurídico não é um negócio. E se a preocupação maior é mercantilista, a qualidade de ensino acaba por se relegada a segundo plano”, analisa.

Otimista com relação ao mercado de trabalho, o universitário do 10º período da PUC-Minas, Lucas Laire Faria Almeida, optou pelo curso devido a seu vasto campo de atuação. “Me identifiquei com a profissão devido à independência que o advogado tem e sua atuação na área social.”

Experiência antes da formação é essencial

Essencial para o exercício da profissão, o estágio possibilita o contato do aluno com o mercado de trabalho antes mesmo de formado. Algumas instituições de ensino fazem com essa experiência, além de válida para o aluno, seja uma de prestar atendimento gratuito à comunidade carente.

Responsável pelo escritório modelo do Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Marco Túlio de Carvalho Rocha, diz essa é uma forma de os alunos conhecerem a vivência profissional. “É uma oportunidade que eles têm de aprender a fazer atendimento, audiências, elaborar petições e a acompanhar o andamento dos processos”, informa.

Orientados por professores, os estudantes conhecem os processos e as regras do Direito. “Toda a consultoria é gratuita e de um modo geral as pessoas se sentem muito gratas com a atuação dos alunos”, comemora Rocha.

Aluna do 8º período no UNI-BH e estagiária no Núcleo de Práticas Jurídicas da instituição há quatro meses, Marina Diniz Macieira está achando a experiência muito proveitosa. “É bom trabalhar com pessoas competentes, que proporcionam um grande aprendizado”, conta a estudante, que teve oportunidade de estudar casos de referentes a ação de indenização, erro médico, direito de família.

Para o universitário do 10º período da PUC-Minas, Lucas Laire Faria Almeida, a atuação no Núcleo de Práticas Jurídicas da instituição proporciona maior contato com a área social do direito. “Realizamos as audiências, tudo sob supervisão do orientador. É uma grande responsabilidade, porque além do problema jurídico, atendemos pessoas carentes, que dependem do nosso trabalho. Por isso o nosso grau de comprometimento é ainda maior.”

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