O Tempo

Sunday, October 02, 2005

Um mercado cada vez mais exigente

Profissionais de recursos humanos recomendam: procure estar sempre atualizado e reciclado em sua área de atuação

Júnia Leticia


Muitos profissionais, após algum tempo exercendo determinadas funções no ambiente de trabalho, passam a se sentir realizados e experientes para desenvolver as atividades que lhes foram designados. Entretanto, quando perdem o emprego é que se dão conta das dificuldades para procurar outra ocupação, que pode ter uma remuneração menor ou que não o valoriza de acordo com sua qualificação. Sendo assim, para evitar surpresas desagradáveis, é necessário manter-se sempre atualizado, seja por meio de conversas com outros profissionais e visita a empresas para conhecer formas diferentes de se executar um mesmo trabalho, ou através da participação em cursos, palestras, workshops e demais eventos que possam contribuir para seu crescimento profissional.

A alta competitividade no mercado de trabalho faz com que as empresas aumentem a quantidade de pré-requisitos na hora de se contratar um funcionário, como observou a consultora sênior do Grupo Catho de Belo Horizonte, Flávia de Oliveira Almeida. “O mercado está extremamente exigente, solicitando profissionais que tenham pós-graduação e fluência em inglês, por exemplo, aliados a um grande potencial para que possam agregar valor e contribuir para o crescimento da empresa”, ressaltou a consultora. Flávia Almeida acrescentou ainda que tais características estão intrinsecamente ligadas à constante busca de atualização por parte do profissional.

A reciclagem ou o aprimoramento não devem ser buscados apenas por aqueles que estão temporariamente fora do mercado de trabalho, como observou a consultora do Grupo Catho. “Mesmo que esteja empregado, o profissional deve manter-se em constate aprendizado, buscando familiarizar-se com as mudanças em sua área de atuação”, enfatizou.

Em seus contatos com as empresas, Flávia Almeida constatou que as organizações atualmente estão em busca de pessoas que tenham um conhecimento diferenciado, os chamados especialistas generalistas. “Ou seja, o profissional tem de ter domínio de uma área, mas precisa conhecer também um pouco de outras”, contou. Esse quadro, segundo a consultora, deve-se ao fato de que as empresas hoje estão trabalhando com um reduzido número de pessoal.

Dentro dessa visão do especialista generalista, Flávia Almeida destacou que o profissional procure exercer a mesma função em uma empresa por no máximo cinco anos. “As pessoas devem agregar valor no trabalho, buscando sempre novos desafios. Para isso, o processo de aprendizagem deve ser constante. O profissional deve buscar seu crescimento e desenvolvimento para estar apto a assumir novas funções”, falou.

Orientadora profissional do Núcleo de Orientação para o Trabalho do Senac-MG, unidade de Belo Horizonte, Ana Cristina Ribeiro da Silva Ornelas observou que é nessa nova perspectiva do profissional almejado pelo mercado, é importante que a pessoa não perca o seu foco de atuação. “Ao se buscar um conhecimento muito diferenciado, o profissional pode acabar por abandonar a sua área de atuação específica. Um advogado, por exemplo, não deve se embrenhar muito intensamente na área de turismo, sob pena de deixar para trás todo o seu conhecimento na área de direito”, explicou.

Para atender à demanda do mercado, a pessoa precisa estar atenta, ainda, ao profissional que está sendo requisitado, conforme contou a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional de Minas Gerais (ABRH-MG), Glória Meireles. “Esse contexto está em constante mutação, alterando-se de uma hora para outra, com algumas profissões sendo muito demandas em determinados tempos e em outros não”, falou. Por isso, Glória Meireles aconselha que, ao se investir na atualização, a pessoa direcione-se profissionalmente para os setores mais dinâmicos da economia.

Cursos de aperfeiçoamento são rápidos e eficazes

A graduação não é a única forma para que as pessoas mantenham-se atualizadas. Além dela, há os cursos de qualificação e aperfeiçoamento e os técnicos, como os oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

A orientadora profissional do Núcleo de Orientação para o Trabalho do Senac-MG, Ana Cristina Ornelas contou que os cursos de qualificação e aperfeiçoamento são uma forma rápida e eficaz para que os profissionais mantenham-se atualizados. “Em um espaço curto de tempo, a pessoa que possui o ensino fundamental ou médio pode qualificar-se para uma determinada atividade em uma empresa ou para trabalhar de forma autônoma. Os de aperfeiçoamento propiciam ao profissional melhorar sua qualidade de trabalho no local onde presta serviço”, realçou a orientadora. Com maior duração, os cursos técnicos oferecem um conhecimento mais aprofundado da área escolhida. Eles são destinados a pessoas que já tenham concluído ou estejam cursando o ensino médio ou equivalente.

Os cursos de curta duração também foram lembrados pela presidente da ABRH-MG, Glória Meireles. “Essas opções proporcionam um diferencial importante”, realçou. Glória Meireles lembrou também que dentro da carreira escolhida há um leque de possibilidades e o profissional deve aproveitar muitas.

Em um cenário de grande avanço tecnológico, mudanças rápidas e constantes, ambiente instável e cheio de incertezas é imprescindível ainda que os profissionais extrapolem o que é ensinado durante as aulas regulares. “Além dos cursos técnicos, de qualificação profissional, aperfeiçoamento, extensão, graduação e pós-graduação, o profissional deve procurar assistir a palestras e eventos relacionados à sua área de atuação ou àquelas que pretende atuar, caso queira mudar de área”, informou Ana Cristina Ornelas.

Atualização é fundamental

Para se manter competitivo no mercado de trabalho é preciso fazer uma leitura constante das necessidades da empresa. “Para isso, é bom conhecer o produto oferecido pela organização, seu público-alvo, além de detectar qual a contribuição que a pessoa pode dar para o crescimento da instituição”, informou Ana Cristina Ornelas.

A qualificação também pode ajudar o profissional a ter consciência do produto que tem a oferecer, outra característica importante no mercado de trabalho. “Além de habilidade para trabalhar em equipe, interesse e organização, as empresas querem pessoas que sejam estudiosas e esforçadas”, afirmou Ana Cristina Ornelas.

No caso de uma recolocação, antes de mais nada é preciso analisar o motivo que ocasionou a demissão no emprego anterior. “Desta forma, a pessoa poderá buscar a solução dos possíveis pontos negativos em seu trabalho para não repeti-los em uma outra empresa”, disse a orientadora do Senac.

Uma razão que também impede a competitividade dos profissionais é a limitação a que eles mesmos se impõe. Seja por comodismo ou desconhecimento, muitos profissionais, ao serem demitidos, só conhecem uma forma de desempenhar um determinado trabalho, de acordo com Ana Cristina Ornelas. “Eles devem buscar formas diferenciadas para realizar uma mesma função, senão correm o risco de limitar seus horizontes profissionais ao invés de ampliá-los.” Conversas com colegas de profissão são uma boa oportunidade para trocar experiências e conhecer o que há de novo na área de atuação da pessoa.

Falta de tempo não pode ser desculpa

Frente à correria do dia-a-dia, muitos alegam a falta de tempo como o maior empecilho para a continuação dos estudos. Quando isso ocorre, é imprescindível que as pessoas revejam seus hábitos, tanto em casa quanto no serviço, a fim de racionalizar as horas durante o dia, como disse Ana Cristina Ornelas. “Se a pessoa fica no trabalho além do expediente todos os dias, ela deve buscar novas formas para executar o serviço de forma mais rápida”, salientou.

Outro ponto a ser verificado é a percepção da real importância que a pessoa atribui para o seu desenvolvimento profissional. “Hoje há os cursos à distância que são uma boa opção para manter-se atualizado em horários alternativos”, lembrou a orientadora do Senac.

O dinheiro escasso também não é desculpa para deixar de se informar. Livros, jornais, revistas, a Internet, dentre outros, são recursos disponíveis a todos. “E cursos como o de leitura dinâmica pode auxiliar, já que nele é ensinado como obter conhecimento de maneira rápida”, observou Ana Cristina Ornelas. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a Educação à Distância (EAD) é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

A presidente da ABRH-MG concordou com a declaração de Ana Cristina Ornelas. “A atualização é fundamental e pode ser obtida em casa mesmo, por meio da leitura de livros, jornais e do acompanhamento dos noticiários de rádio e TV. É necessário que a pessoa reorganize sua agenda e verifique o que está fazendo para que possa dedicar um tempo para rever seus conhecimentos”, disse Glória Meireles.

Profissional pode escolher área

São várias as opções para quem quer se atualizar. Com a qualificação, quem possui o ensino fundamental ou médio pode qualificar-se rapidamente para uma determinada atividade. O aperfeiçoamento, também de curta duração, propicia ao profissional melhorar seus serviços.

Destinados a pessoas que já tenham concluído ou estejam cursando o ensino médio, os cursos técnicos são uma opção para quem quer profissionalizar-se em um período menor que o da graduação. Os seqüenciais são uma modalidade do ensino superior direcionada a quem não deseja fazer um curso de graduação convencional. Já graduação tecnológica dá direito a um diploma de graduação e, ao contrário dos seqüenciais, permite a continuidade dos estudos em nível de pós-graduação (lato sensu ou stricto sensu).

A graduação é o curso que dá uma boa base científica e teórica, além de preparar os alunos para atuar em todos os setores – indústria, comércio e de serviços. Na licenciatura são formados professores para o ensino fundamental e médio.

Após concluir a graduação, o aluno pode especializar-se fazendo um curso de pós-graduação lato sensu. O Master Business Administration (MBA) está incluído nessa categoria e tem como objetivo aperfeiçoar as habilidades gerenciais de pessoas que atuam em diversas áreas de uma empresa.

Outro curso de pós-graduação é o mestrado. Nele são aprofundados conhecimentos em uma determinada área da formação. No mestrado lato sensu o aluno apresenta uma monografia para receber o certificado de conclusão. Só recebe o título de mestre quem faz um mestrado stricto sensu, que visa ao aprofundamento de conhecimentos ou técnicas científicas, tecnológicas ou artísticas. Há, ainda, o doutorado, no qual o aluno elabora uma pesquisa sobre determinado tema e defende tese perante uma banca para obter o título de doutor.

Por fim, a extensão, que é entendida como prática acadêmica que interliga a universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, com as demandas da maioria da população.

Dicas

. Habituar-se a ler publicações especializadas, seja na área de atuação profissional ou não
. Manter-se atualizado por meio da leitura de revistas e jornais diários
. Visitar empresas para conhecer formas diferenciadas de se exercer a mesma profissão
. Trocar informações com outros profissionais sobre a área de trabalho na qual atua ou pretende atuar
. Procurar conhecer suas habilidades, aptidões e gostos para direcionar-se sobre qual curso fazer

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