O Tempo

Thursday, September 29, 2005

Saúde carece de profissionais de enfemagem

Júnia Leticia

Com uma extensa área de atuação, a enfermagem é uma profissão que, dentre outras atribuições, se ocupa da saúde e do bem-estar do homem, cuidando da prevenção e do tratamento de doenças. O enfermeiro também pode atuar no gerenciamento de hospitais, planejando, executando e supervisionando serviços, além de coordenar equipes de enfermagem e auxiliares.

Só em Minas Gerais, há mais de 9 mil profissionais sindicalizados, como informa o assessor jurídico do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais (Seemg), Carlos Luiz Custódio. “Acredito que o enfermeiro é o profissional que atualmente esteja encontrando o melhor mercado de trabalho, em que a oferta de empregos é maior do que a procura. Devido à carência de profissionais, nem a médio prazo acredito que o mercado fique saturado”, conta.

Segundo o diretor da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Carlos Félix Lana, com a implementação do Programa de Municipalização da Saúde pelo Governo Federal, houve uma ampliação do mercado de trabalho para o enfermeiro. “Com isso todos os municípios passaram a ser responsáveis pela assistência básica à saúde e atividades de promoção e prevenção à saúde. Isso gerou um campo de atuação muito grande.”

Essa mudança do modelo de atenção à saúde ampliou o mercado de trabalho, não só na atenção básica como também na área de ensino. “Com isso houve abertura também para o mercado na área de auditorias de saúde, que envolve a qualidade nos serviços prestados, regulamentação na área da enfermagem e credenciamento de profissionais, materiais e equipamentos, entre outros”, esclarece Lana.

Implantado em todo o Brasil como importante estratégia de reordenação do modelo assistencial, o Programa de Saúde da Família (PSF) também foi apontado pelo diretor da Escola de Enfermagem da UFMG como responsável pelo crescimento da demanda por esses profissionais. No PSF são priorizas as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da família de forma integral e contínua.

Coordenadora do curso de enfermagem da Universidade Fumec, Márcia dos Santos Pereira aponta ainda as legislações do exercício profissional como outro fator importante que impulsionou o mercado de trabalho na área. “Cada vez mais é exigido que os enfermeiros prestem um atendimento individualizado aos clientes. Eles também têm de serem capazes de planejar um atendimento integral”, observa.

No curso, que tem duração de no mínimo quatro anos, é formado o enfermeiro generalista. “Ele aprenderá a atuar nas diversas especialidades de atenção à saúde, mas basicamente estudará como sistematizar e planejar a assistência da enfermagem de forma ética, generalista, humanista e integral para saúde individual e coletiva”, informa a coordenadora do curso na Fumec. O universitário também aprende a planejar a gestão e a organização dos serviços de saúde, consulta de enfermagem para o indivíduo e a comunidade e como atuar na prevenção de doenças e promoção da saúde, em atividades curativas e de reabilitação.

As diretrizes curriculares do Ministério da Educação (MEC), que regem o curso de enfermagem, prevêem, de acordo como diretor da Escola de Enfermagem da UFMG, inúmeras competências e habilidades. “Planejamento e gestão em saúde, assistência individual e coletiva à saúde da população, educação para a saúde, desenvolvimento de práticas ligadas à vigilância e à saúde são somente algumas delas”, enumera Lana.

Nessas práticas de assistência estão incluídos os cuidados à saúde da criança, da mulher, do adolescente, do adulto e do idoso. “Além disso o enfermeiro é habilitado para lidar com sistemas de informação, desenvolvimento de políticas de saúde regionais e locais, de práticas de biossegurança e pedagógicas, estas para lidar tanto com a população, quanto com técnicos e auxiliares”, exemplifica o diretor da Escola de Enfermagem da UFMG.

Mas mesmo com o mercado em expansão, a pessoa que deseja ser um enfermeiro graduado deve estar atenta à instituição que pretende cursar, alerta Márcia Pereira. “Segundo resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), que é um órgão ligado ao MEC, as graduações em enfermagem devem ter no mínimo 3200 horas. É necessário que o estudante procure conhecer o projeto pedagógico da instituição de ensino, bem como sua matriz curricular, para se certificar da qualidade do curso”, adverte.

Carreira exige cuidados na formação


A abertura dos cursos de bacharelado em enfermagem é vista com certa reserva pela coordenadora da graduação na Universidade Fumec, Márcia dos Santos Pereira. “Partindo do ponto de vista de que a sociedade carece de profissionais que prestem uma atenção individualizada, quanto mais enfermeiros no País melhor. Mas isso se os cursos tiverem qualidade, seriedade e forem voltados para a ética e o respeito à dignidade humana”, ressalta.

Para se fazer a graduação, é necessário, antes de tudo, que a pessoa goste muito de estudar. Durante o curso são vistas disciplinas das áreas de ciências biológicas, sociais e exatas. “A pessoa também tem de ter um bom relacionamento com os outros, possuir uma visão política da sociedade, interesse pela realidade social, controle emocional diante de situações imprevisíveis, ser ágil para tomar decisões e saber planejar”, aponta Márcia Pereira.

A paixão pelo ser humano foi o que motivou a técnica em enfermagem, Marluce Sanches de Almeida Foureaux, a ingressar-se na área. “Trabalhar com pessoas doentes é muito gratificante, principalmente quando recebemos retorno por um trabalho bem feito após a recuperação do paciente. Já recebi cartas de agradecimento e isso é muito recompensador”, comemora.

Com uma experiência de 7 anos na profissão de técnica em enfermagem, Marluce Foureaux decidiu fazer o curso de graduação. “O campo é amplo, mas como há muitos profissionais técnicos, o mercado já começa a exigir os graduados, a escolher os que possuem mais qualificação”, alerta.

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