O Tempo

Sunday, October 02, 2005

A difícil arte de fazer a escolha certa

Processos de orientação vocacional tornam-se decisivos para estudantes na hora de enfrentar o vestibular

Júnia Leticia


A escolha de qual profissão seguir é um dos momentos mais difíceis para as pessoas, especialmente porque, de forma geral, ocorre por volta dos 17 e 18 anos, fase de transição no crescimento do ser humano. Cientes disso, instituições de ensino começam a orientar seus alunos desde cedo para que eles possam decidir com mais segurança qual caminho escolher. Fórum de profissões, mesas-redondas, palestras, visitas a instituições de ensino superior, vídeos e debates são algumas das ações tomadas pelas escolas para ajudar os estudantes.

Para a pedagoga empresarial e psicóloga da Marcah Psicologia Aplicada, Maria Clara Lopes Rodrigues, a orientação vocacional é de suma importância, porque muitas pessoas não sabem os cursos oferecidos no mercado e desconhecem suas aptidões. “Muitos estudantes são influenciados pelos pais e pelas profissões que estão em moda. É necessário ter informações situacionais do mercado de trabalho e se auto-conhecer”, explica a psicóloga.

A orientação vocacional é a preparação de um projeto para o futuro, de acordo a psicóloga da Agah Re-cursos Consultoria e Treinamento, Esther Profeta Lopes Passos. “A escolha profissional faz parte da vida de todos nós. Ela visa descobrir o melhor entendimento das aptidões, interesses e características de personalidade, levando em conta aspectos sociais, culturais e econômicos no qual a pessoa está inserida, habilitando a uma escolha compatível à real necessidade de cada um.”

Aliar satisfação pessoal e profissional com retorno financeiro é a receita perfeita para a realização no mercado de trabalho, conforme Maria Clara Lopes Rodrigues. “É o ideal. Um pouco difícil, mas às vezes é possível aproximar os três fatores, em busca da concretização dos sonhos, dentro da realidade de cada um.”

Com o crescimento do nível de escolaridade da população brasileira e a demanda por profissionais qualificados, tem crescido também a procura por processos de orientação vocacional, inclusive no setor privado. “Nos últimos dez anos, as empresas têm se preocupado em realizar esse estudo profissiográfico para melhor posicionar o profissional”, ressalta a psicóloga da Marcah.

O processo de avaliação vocacional pode ser individual ou em grupo e envolve uma série de testes e técnicas específicas, dinâmicas, textos reflexivos e discussões, segundo Esther Profeta Lopes Passos. “É um trabalho voltado para as reflexões sobre os aspectos que envolvem a escolha vocacional, a fim de que haja um melhor desempenho universitário, da formação de um profissional consciente da importância social de seu trabalho e das condições que propiciam uma vida mais digna para o si e seu próximo.”

Na internet e em revistas, há uma série de testes vocacionais à disposição dos adolescentes. Entretanto, a psicóloga Maria Clara Lopes Rodrigues adverte que o processo de orientação vocacional é que é capaz de direcionar de forma adequada o estudante. “O teste pode indicar uma tendência, mas só o profissional da área é capaz de avaliar se o teste tem credibilidade ou não.” Aluna do Colégio Frei Orlando, Deborah Patrício, 17, utilizou o teste vocacional para tentar escolher sua profissão, mas não ficou satisfeita. “O processo foi vago, apenas delimitando uma área, sem apontar um caminho a seguir”, explica.

Escolas - Os alunos do 3º ano integrado do Colégio Promove – Núcleo Pré-Universitário contam com Serviço de Orientação Educacional e Psicologia Escolar (Soepe) para tentar direcionar-se profissionalmente. A psicóloga e orientadora vocacional do setor, Ingrid Andrade Coutinho, contou que o colégio oferece um programa de orientação que ocorre durante o primeiro semestre do 3º ano do ensino médio. “Dele constam visitas a empresas e instituições de ensino, além de palestras com profissionais de diversas áreas, que se disponibilizam a participar, uma vez por semana, da ‘Sobremesa Cultural – Sabor Profissões’, que recebe esse nome porque ocorre sempre no horário do almoço”, diz.

São realizados, ainda, encontros com psicólogos e grupos de, aproximadamente, 40 alunos, nos quais são entregues material com questionários, textos e testes que avaliam o perfil dos alunos. “O resultado dos trabalhos é dado individualmente, momento no qual sanamos alguns questionamentos. Colocamos, também, a importância de se informar sobre o credenciamento dos cursos pelo MEC.”

No Colégio Loyola, em Belo Horizonte, o processo de orientação vocacional começa já no 1º ano, com mais ênfase no 2º ano, período em que o aluno já se adaptou ao ensino médio e ainda não está pressionado pelo vestibular, como no 3º ano. As atividades são mais intensivas no 2º ano. “Temos um projeto que abrange atividades dentro e fora da sala de aula. Organizamos palestras com profissionais, mural das profissões, grupos de orientação profissional, além de visitas a locais de trabalho e a instituições de ensino superior”, conta o orientador vocacional Oldalch Benjamin de Oliveira.

Atualmente, a orientação vocacional, na opinião de Oliveira, é uma necessidade que as instituições de ensino têm de abraçar. “É uma função da escola e também da família, pois é ela que dá subsídios para a orientação. Alguns alunos vêem a universidade como uma continuação do colégio e não é bem assim. Eles devem estar preparados para assumir a nova fase com empenho e responsabilidade.”

Aluna do 2º ano do Colégio Loyola, Ana Luíza Matos de Oliveira, 16, contou que, após o início da orientação vocacional, pode se direcionar melhor. “Estava muito confusa entre os campos de interesse, agora delimitei minhas opções na área de humanas. Tenho conversado com profissionais e visitado mostras de cursos, como as da UFMG e da PUC para me decidir. Vejo muitas pessoas com dúvida, que não procuram se informar e deixam a decisão para a última hora. Isso pode acarretar em uma escolha impensada.”

Serviço direciona profissionais no mercado de trabalho


Após o processo de escolha da graduação a cursar, já na universidade, outra angústia que pode afligir o estudante é sua colocação no mercado de trabalho. Para esse momento, há a orientação profissional. “Quando está terminando o curso superior, a pessoa muitas vezes se pergunta como irá vender sua imagem profissional. Afinal, já no mercado, passarão a atuar de forma independente e, por isso, sentem-se sozinhas. O título de profissional tem um peso muito grande”, explica a psicóloga e diretora da Agah Re-cursos Consultoria e Treinamento, Líliam Bittencourt.

Para a orientação, é realizada uma bateria de testes que procuram identificar traços de personalidade e características que podem comprometer a profissão. “O processo aponta os traços mais relevantes, o que pode ser vantajoso ou desvantajoso profissionalmente e o que pode estar dificultando o posicionamento da pessoa no mercado de trabalho”, conta Líliam Bittencourt. Há, ainda, atividades projetivas, com a utilização de materiais como papel, argila e tintas, para que o inconsciente possa indicar os possíveis entraves do processo.

Ao orientar-se profissionalmente, a pessoa adquire mais segurança do que pode oferecer à empresa, como garante a diretora da Agah. “Outra função do processo é auxiliar na recolocação profissional, recuperando a auto-estima e ajudando a superar o luto pela perda do emprego.”

Dicas para se escolher uma profissão

- Fazer uma pesquisa de campo acerca da área desejada, procurando conhecer formas de atuação e mercado de trabalho
- Procurar conhecer suas habilidades
- Não se deixar guiar pelas tendências profissionais do mercado
- Não se deixar levar apenas por tendências familiares
- Procurar identificar aptidões que aliem satisfação pessoal e profissional com retorno financeiro

Fonte: Marcah Psicologia Aplicada

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